20/06/2012

Rio+20: Vaticano pede salvaguarda das pessoas


Santa Sé considera cimeira sobre desenvolvimento sustentável uma oportunidade para o futuro do planeta

D.R.
Cidade do Vaticano, 19 jun 2012 (Ecclesia) – Os responsáveis do Vaticano esperam que a conferência das Nações Unidas (Rio+20) sobre desenvolvimento sustentável, que começa esta quarta-feira no Brasil, privilegie a busca de soluções centradas no bem-estar do ser humano.
Numa mensagem publicada através da sua página na internet, endereçada ao Comité Preparatório do evento, a Santa Sé sublinha que “o processo de desenvolvimento não pode estar apenas dependente de soluções técnicas”, uma vez que assim ficaria órfão de uma “orientação ética” indispensável para “compreender” as necessidades das pessoas.
O ponto de partida para qualquer discussão sobre “desenvolvimento sustentável” deve ser sempre o “ser humano”, assinala o texto.
cimeira vai decorrer sexta-feira no Rio de Janeiro e assinala o 20.º aniversário da conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que decorreu naquela cidade no início de 1992.
Surge também 10 anos depois da cúpula mundial sobre desenvolvimento sustentável, que teve lugar em Joanesburgo, na África do Sul.
O principal objetivo será reforçar o compromisso dos líderes nacionais e políticos rumo ao desenvolvimento sustentável de todos os países, analisar progressos e lacunas verificadas nas últimas décadas e traçar metas para o futuro.
Na opinião da Santa Sé, os 193 membros da ONU e fundamentalmente os líderes das nações mais poderosas têm no Rio+20 uma oportunidade para “refletirem em conjunto sobre o futuro do planeta, a curto e médio prazo” e para analisarem o contributo que prestam para a qualidade de vida das populações.
Neste âmbito, a Igreja Católica espera que a agenda política e económica para os próximos anos inclua como “prioridades” a “promoção da dignidade humana em qualquer circunstância” e a utilização correta de recursos e tecnologias, de modo a “salvaguardar” o meio ambiente e a subsistência de todas as pessoas.
“A relação do Homem com a Natureza precisa claramente de ser revista”, pode ler-se no texto, que defende precisamente “uma aliança entre homem e meio ambiente”.
A Santa Sé considera ainda essencial a adoção de medidas que facilitem o acesso generalizado a “bens de primeira necessidade”, como “a alimentação, a educação, a segurança, os cuidados médicos” e também a “paz”, sobretudo nos países mais desfavorecidos.
No que respeita à saúde, o Vaticano critica aqueles que confundem cuidados médicos com “meros serviços” como o “aborto” e a “contraceção”, onde o desenvolvimento tecnológico parece estar “acima do bem-estar humano”.
“É preciso perceber que o direito à saúde deriva sempre do direito à vida”, sustenta a Santa Sé
De momento, o documento-base da também denominada “Cimeira da Terra”, que está a ser preparado pelos diversos chefes de Estado e de Governo, não merece a aprovação da Igreja Católica.
Em declarações concedidas à Rádio Renascença, D. Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, mostrou-se descontente com o facto de um documento decisivo para o planeta incluir “coisas contra a vida, contra o matrimónio”.
JCP

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