15/07/2012

Empresária afegã incentiva mulheres ao trabalho


MUNDO
Combater a violência

Texto E. Assunção | Foto DR | 14/07/2012 | 14:00
Dezenas de mulheres trabalham numa carpintaria dirigida por uma mulher, em Cabul. No Afeganistão, as tarefas do sexo feminino estão ainda reduzidas ao âmbito doméstico. Em condição de maior fragilidade, estão as viúvas
IMAGEM
Chamada «Iniciativa Feminina de Carpintaria», a empresa conta com cerca de 80 empregadas, que chegam a ganhar 80 euros mensais. Criada pela afegã Fátima Akbari, 42 anos, desafia a linha de pensamento fundamentalista, ainda muito forte no Afeganistão. “Aprendi a minha profissão quando tinha 24 anos e decidi montar um negócio para ajudar as mulheres a regressarem ao Afeganistão”. A corajosa empresária fora obrigada a emigrar para o Irão, com sua família, por causa da guerra. Ao regressar ao país em 2003, a afegã aproveitou a sua formação em carpintaria para criar a sua própria empresa.

Mãe de três filhos, Fátima aprendeu carpintaria numa empresa de Teerão, onde era a única mulher, além da chefe. Confessa agora que então foi vítima de muita discriminação dos seus colegas homens, os mesmos que foram obrigados a reconhecer “o esforço e talento” da trabalhadora. Agora no seu país, Fátima decidiu criar a sua empresa em Teerão, dando espaço às mulheres. Segundo a empresária, as condições no seu país são ainda piores que em Teerão. “É uma sociedade machista e mais conservadora. Tive que superar muitos desafios, principalmente para convencer as mulheres que poderiam trabalhar”.

A determinação da empresária é tão forte que a carpintaria está a ficar pequena, tantos são os pedidos que lhe chegam. Fátima foi obrigada a criar diversos cursos de formação profissional em carpintaria, alfaiataria, informática e estudo do alcorão para as viúvas. Tendo conseguido ganhar a confiança das suas vizinhas, os homens começaram a pensar que se tratava de uma pessoa generosa, permitindo que as suas filhas trabalhassem na carpintaria. Contudo, Fátima dá preferência às viúvas e esposas dos inválidos de guerra. Sem marido e sem emprego, as viúvas são obrigadas a esconder-se da sociedade e a mendigar pelas ruas. “A minha paixão é ajudar essas mulheres a conseguirem emprego e segurança nas suas vidas. Cada mulher tem um talento especial. Precisam de serem envolvidas no mercado de trabalho, contribuindo para o desenvolvimento do país e, por consequência, reduzindo a violência”.

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