Com cerca de 400 expositores, evento do setor editorial apresenta uma série de novidades, com destaque para o público infanto-juvenil - Imaginação. Talvez essa seja a palavra-c...
Alessandra Gardezani / Andrezza Ribeiro
Imaginação. Talvez essa seja a palavra-chave quando se trata do universo da leitura, em que somente por meio das palavras é possível viajar ou criar outras dimensões em um mundo único e particular de cada um.
Quem, quando criança, nunca imaginou Emília, Narizinho, Tia Anastácia, personagens da turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo, criados por Monteiro Lobato?
Ou mesmo depois de adulto, quantas não são as vezes que ao passar na porta de uma livraria, a capa de um livro salta aos olhos e desperta a curiosidade?
Pois para juntar todos esses 'mundos imaginários', os 34 mil metros quadrados do Parque de Exposições do Anhembi, na zona norte, recebe a 22ª edição da Bienal do Livro de São Paulo, que termina neste domingo.
Dividida em espaços que atingem os mais variados públicos, desde jovens até os mais religiosos, a feira tem como objetivo divulgar os últimos lançamentos da literatura e incentivar à leitura e a interação social.
Com o intuito de envolver crianças e adultos, o evento deste ano apresenta uma homenagem ao criador de "Gabriela Cravo e Canela", Jorge Amado, e também ao polêmico escritor de "Dorotéia", Nelson Rodrigues, para comemorar seus centenários. Além disso, a Semana de Arte Moderna de 1922 tem destaque nas ações realizadas durante esse período.
infanto-juvenil
Quem pôde visitar a Bienal, percebeu a quantidade de atrações e espaços voltados ao público infanto-juvenil. Aliás, crianças em idade escolar e adolescentes formam grande parte do público.
Segundo Breno Lerner, superintendente da Editora Melhoramentos, esse segmento da literatura teve um bom comportamento nos últimos anos. Para ele, os números divulgados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), de que o segmento que mais cresceu em 2011 foi o de livros científicos e técnicos, estão equivocados. "Os livros para o público infanto-juvenil têm taxas que não batem com a pesquisa. Para a Melhoramentos, os últimos cinco anos apresentaram um crescimento superior a 12% nessa área", afirma.
Entre os temas mais procurados, estão os de não ficção na área de comportamento, do tipo 'quem eu sou', 'como é o meu corpo', 'quem é este misterioso ente chamado menina/menino'. "A cada ano isso muda, mas as principais buscas têm sido para estes livros comportamentais voltados aos meninos que estão prestes a entrar no mundo juvenil", conta.
Apesar de séries voltadas a esse público terem ganhado as telonas com cada vez mais frequência após o fenômeno Harry Potter, Lerner acredita que foi um incentivo, mas não fundamental.
"Posso dizer que esse crescimento de público tem sido uma constante nos últimos 10 anos, com ênfase nos últimos cinco. Harry Potter ajudou no desenvolvimento, mas não foi peça-chave".
Outro fator que tem contribuído com o consumo desses títulos, é a ascensão da classe C. "Ainda não conseguimos sentir o efeito desse mercado consumidor, mas é uma era questão de tempo para que estes pais que brigaram tanto para mudar de classe queiram achar um atalho para os filhos. Esse atalho passa por educação, e não se faz educação sem livros. É consequência", explica o superintendente.
Segundo dados divulgados pela Pyxis Consumo, ferramenta de potencial de mercado do Ibope, em 2012 a classe B ainda deve ser a maior compradora, seguida pela classe C. Somente esta, deve movimentar cerca de R$ 1,95 bilhão do total de R$ 8,23 bilhões. Isso significa um potencial de consumo de 23,72%, entre os 51,85% da classe B e os 2,73% da classe A.
Quase como uma lição universal, é importante que os pais coloquem os filhos em contato com os livros logo na primeira infância. Além de ser um momento de interação, auxilia a criança em diversos aspectos, como no desenvolvimento dos sentidos, na aprendizagem e pronunciação de palavras, no ganho de conhecimento e na melhora da comunicação. "A leitura tem um papel fundamental na vida das crianças, pois estimula o aprendizado, desenvolve a imaginação e ajuda a formar adultos mais cultos e conscientes", conta a professora primária Andrea Lisandro, do CEU Rosângela Rodrigues Vieira.
A leitura é importante desde o início da alfabetização, pois aumenta a produtividade e familiaridade dos pequenos com as letras, figuras e cores. "Vale lembrar que o acesso à informação e a leitura, não garante que a criança se torne inteligente. É importante distinguir uma pessoa inteligente de uma bem informada. Essas são coisas bem distintas", revela Nilthon Fernandes, educador universitário.
Em uma feira deste porte, são várias as opções de lançamentos. Para os fãs de Literatura que não têm tanto tempo para se dedicar a leitura, os audiolivros podem ser uma boa saída. Ao invés de centenas de páginas, um CD com um narrador conta toda a história.
Junto a constatação, o número de títulos também é cada vez maior, com um total próximo a 6.200. Entre eles, " Meu Pé de Laranja Lima", "Escute o Amor", "Contos e Agora", "Dom Casmurro", "Drácula" e "Dom Quixote".
Para democratizar o acesso à leitura, a Fundação Dorina Nowill apresenta uma campanha para aproximar as crianças com deficiência visual do universo dos livros, com publicações em braille para facilitar a compreensão da leitura.
Intitulada "6,5 milhões de pessoas querem ler o seu livro", a campanha mostra que a leitura pode transformar o mundo das pessoas cegas. Além disso, o público conta com a opção do livro falado, em formato MP3, com o objetivo de oferecer mais uma saída para as pessoas com deficiência visual.
A Ciex Cautivo lança os minibooks, com versões de obras clássicas em versão mini. Feitos artesanalmente, os livros possuem capa dura, ilustrações e podem ser levados para qualquer lugar.
Ao todo são mais de 100 títulos entre histórias infantis, filosofia, ciências sociais e políticas, esotéricos e dicionários.
Os produtos podem ser encontrados na feira a partir de R$ 20 e são uma ótima dica para presentear.
Para fugir do universo literário, mas com foco educativo, o Serviço Social da Indústria (Sesi) em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) disponibiliza dois ônibus, que na verdade são escolas móveis, que devem rodar as unidades do Senai para auxiliar os estudantes na hora de aprender o que é nanotecnologia.
Com a ajuda de professores da área, é possível entender como tais micropartículas estão presentes na natureza e como são utilizadas na fabricação de materiais básicos para o dia a dia, como baterias, roupas, protetores solares, maquiagem e alimentos. Os projetos devem ser implantados nas escolas a partir de 2013.
Pocket Books
Não importa se os livros começaram a ser escritos na areia ou em pergaminhos. O que interessa é que hoje cabem literalmente no bolso do leitor. Com o intuito de deixar os livros mais 'portáteis', os pocket books também merecem destaque.
A ideia surgiu na Europa há 80 anos, com o objetivo de imprimir um livro que coubesse no bolso. Afinal, antigamente eram tidos como objeto de decoração, em que quanto maior, melhor.
Mas, em 1936 a leitura sofreu uma revolução e os pocket books começaram a se tornar grandes parceiros. Foi então que os livros abandonaram as cabeceiras e passaram a ganhar as ruas.
Uma das pioneiras neste formato no Brasil é a L&PM Pocket.
Tudo começou em 1974, quando Ivan Pinheiro Machado e Paulo de Almeida Lima se juntaram para começar uma editora. A primeira publicação foi um livro com tirinhas do Rango, na época, muito perseguido pela ditadura. O que os salvou foi um prefácio de Érico Veríssimo.
No fim da década de 90 uma crise passou a assolar a editora. A saída foi criar uma alternativa, que resultou nos pocket books. "A ideia que se tinha na época era fazer com o que o livro se tornasse um objeto prático", afirma Paulo de Almeida Lima.
Com cerca de 1.100 títulos, atualmente, no catálogo, a editora aposta nas mais variadas coleções. "Queremos fazer com que seja uma coisa polifônica, ou seja, de várias vozes. O projeto editorial é fazer com que a pessoa entre em alguma coleção. Mesmo quem não quer ler Shakespeare, Maquiavel e Millôr Fernandes, pode optar por algo como Snoopy, Dilbert, ou Garfield", explica Ivan Pinheiro Machado.
Outra vantagem, é que o preço também cabe no 'bolso', pois as versões pockets custam em média 55% menos que os livros convencionais.
Com objetivo de democratização, livros em exposição contam com preços acessíveis
O público jovem foi um dos destaques, com um espaço focado especialmente a eles
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