O mordomo do papa Bento XVI, o italiano Paolo Gabriele, e outro empregado do Vaticano serão processados pelo roubo e vazamento dos documentos secretos da Santa Sé, segundo a sentença do juiz do Tribunal de Estado do Vaticano, Piero Antonio Bonnet.
O Vaticano entregou nesta segunda-feira (13) aos meios de comunicação dois documentos sobre o caso Gabriele: o pedido de processo por parte do promotor de Justiça do Vaticano, Nicola Picardi, e a sentença de Bonnet.
Junto com Gabriele, de 46 anos, acusado de "roubo com agravante", o juiz acusa também o italiano Claudio Sciarpelleti, de 48 anos, "por ter favorecido o roubo com agravante de violação de segredo".
A pena dos acusados será definida depois de 20 de setembro, quando os tribunais do Vaticano voltarem de recesso. A pena de Gabriele pode variar entre um e seis anos, informou o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.
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Sciarpelleti é um técnico de informática da Secretária de Estado, amigo de Gabriele, e foi investigado um dia depois da detenção do mordomo do papa, disse o porta-voz do Vaticano.
O técnico esteve detido durante uma noite e na manhã seguinte foi liberado porque os magistrados consideraram que não era necessário mantê-lo preso, ao contrário de Gabriele, que está em prisão domiciliar desde 21 de julho. Ele deve permanecer detido até o julgamento, disse Lombardi.
Gabriele admitiu ter cometido o crime com o objetivo "melhorar a situação que se vive no interior do Vaticano e nunca para prejudicar a igreja e seu pastor", explicou a sentença.
Sobre Sciarpelleti, Lombardi sustentou que "o único motivo pelo qual foi acusado é porque tinha uma relação de amizade com Gabriele e não foi considerado como um cúmplice".
"(Sciarpelleti) é enviado a julgamento porque seus testemunhos foram contraditórios e não se expressou com coerência", disse. O funcionário se "encontra em liberdade, em suspensão cautelar, embora receba seu salário", disse Lombardi.
O escândalo
O escândalo dos vazamentos de documentos confidenciais da Santa Sé veio a tona no começo do ano, quando um canal de televisão italiano divulgou cartas enviadas a Bento XVI pelo núncio nos EUA, Carlo Maria Viganó, nas quais denunciava a "corrupção, má-fé e má gestão" na administração do Vaticano.
Em meados de abril, o papa criou uma comissão para esclarecer o roubo e o vazamento de centenas de documentos privados, e em 19 de maio o livro "Sua Santidade", de Gian Luigi Nuzzi, foi lançado com uma centena de novos documentos secretos do Vaticano que revelam tramas e intrigas no pequeno Estado.
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