Dom Sergio da Rocha*
Retomamos, hoje, a leitura e meditação do Evangelho segundo Marcos, que está sendo proclamado nas missas da maior parte dos domingos do Tempo Comum deste Ano Litúrgico e, assim, continuaremos a fazer nos próximos domingos. Somos convidados a refletir sobre como temos escutado e praticado a Palavra de Deus. As leituras meditadas nos convidam a sermos ouvintes e praticantes da Palavra.
O Evangelho nos apresenta os fariseus e mestres da lei questionando Jesus a respeito da observância das leis e costumes pelos seus discípulos. Os fariseus seguiam muitas leis e preceitos, ao todo 613, que o povo tinha dificuldade em conhecer e praticar. Assim fazendo, eles seguiam “preceitos humanos”, a “tradição dos homens”, ao invés do “mandamento de Deus”, segundo constata o próprio Jesus, que os chama de “hipócritas”, por honrarem a Deus com os lábios, enquanto o coração está distante dele.
Jesus aproveita a ocasião para ensinar a multidão a respeito daquilo que torna impuro o homem, o que sai “de dentro do coração humano” (Mc 7,21). Ao invés de preocupar-se com aparências, como faziam os fariseus, é preciso cuidar do interior, do coração, a fim de agradar a Deus e praticar a sua Palavra a partir de dentro.
O livro do Deuteronômio exorta a “guardar os mandamentos”, a “por em prática” a Palavra de Deus como condição para ter a vida (Dt 4,1). Ao contrário da postura dos fariseus perante a Lei, o Deuteronômio ressalta a necessidade de fidelidade e obediência à Palavra de Deus, sem jamais deturpar o seu sentido, nada acrescentando ou tirando (Dt 4,2). Semelhante mensagem é dirigida aos primeiros cristãos pela Carta de São Tiago que nos exorta: “sede praticantes da palavra e não meros ouvintes”, pois quem se tornasse mero ouvinte, estarei enganando-se a si mesmo. A prática da Palavra ocorre pelo testemunho da caridade para com os pobres e sofredores e pela atitude de “não se deixar contaminar pelo mundo” (Tg 1,27).
O refrão do Salmo 14, hoje rezado, traz uma pergunta fundamental para a vida cristã: “Senhor quem morará em vossa casa e no vosso monte santo habitará?” A resposta encontra-se no próprio Salmo e nas leituras da missa de hoje.
Estamos iniciando o mês especialmente dedicado à Bíblia. Por isso, vamos refletir, de modo especial, sobre como temos escutado, acolhido e praticado a Palavra de Deus. Qual é o tempo que dedicamos à leitura e meditação da Bíblia? Organize melhor o seu tempo de modo a fazer a leitura orante da Bíblia e, assim, por em prática a Palavra de Deus, com especial atenção, neste mês, para continuar a cultivar tal atitude durante todo o ano.
*Arcebispo Metropolitano de Brasília
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