17/09/2012

Bispos apelam à estabilidade política


Conselho Permanente
Texto Francisco Pedro | Foto Ana Paula | 17/09/2012 | 16:03
Manuel Morujão, porta voz da Conferência Episcopal Portuguesa
Tendo em conta o momento difícil que o país atravessa, os membros do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) consideram que é cada vez mais necessário evitar as «crises políticas» e procurar o consenso social e político
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«Numa democracia adulta, as ‘crises políticas’ deverão ser sempre exceção. Em momentos críticos, podem comprometer soluções e atrasar dinamismos na sua busca. Todos sabemos que, para superar as presentes dificuldades, não existem muitos caminhos de solução. Compete aos políticos escolhê-los, estudá-los e apresentá-los com sabedoria», refere uma nota do Conselho Permanente da CEP, emitida esta segunda-feira, após uma reunião em Fátima. 

O documento passa em análise o momento difícil que Portugal está a atravessar a nível socioeconómico, sublinha que a Igreja «é sensível ao sofrimento de todos», independentemente da fé que professam, e que tem respondido, como pode, com a prática ativa de caridade, através das suas instituições de solidariedade social. No entanto, considera fundamental a criação na sociedade de condições para a busca do bem-comum. «A superação das legítimas divergências, num alargado consenso nacional, supõe sabedoria e generosidade lúcida», pode ler-se na nota episcopal. 

No que respeita ao direito ao trabalho, os membros do Conselho Permanente da CEP, entendem que deve ser encarado com meio de realização humana e não apenas como forma de manutenção económica. «O desemprego é, certamente, um dos aspetos mais graves desta crise, o que supõe um equilíbrio convergente de vários elementos: criatividade nas empresas, caminhos ousados no financiamento, diálogo social em que pessoas e grupos decidam dar as mãos, apesar das suas diferenças», alertam. 

Segundo os bispos, a estabilidade política é exigida «pela própria natureza da democracia e da responsabilidade dos seus atores»; o discurso político «tem de respeitar a verdade do dinamismo das situações»; o bem da comunidade nacional «exige de todos generosidade para não dar prioridade à busca de interesses particulares e a honestidade para renunciar a caminhos pouco dignos de procura desses interesses». 

Por fim, incitam à renovação cultural, mudança para a qual a Igreja está apostada em contribuir com valores que lhe são próprios: «a dignidade da pessoa humana, a solidariedade como vitória sobre os diversos egoísmos, a equidade nas soluções e na distribuição dos sacrifícios» e a coragem «para aceitar que momentos difíceis podem ser a semente de novas etapas de convivência e de sentido coletivo da vida».

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