MUNDO
Especial
Texto Giuseppe Inverardi | 01/10/2012 | 08:13
Este é o mês das missões e dos missionários. Com esta história, assinada por Giuseppe Inverardi, missionário da Consolata, iniciamos a publicação de uma série de testemunhos de quem está no terreno, de quem não se poupa a esforços para que se faça Missão
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Podeis encontrar a Irene e a Sílvia na nyumba ya furaha – a casa da alegria. É uma casa que nasceu da sensibilidade das Irmãs Missionárias da Consolata, na Tanzânia, para responder ao grande desafio das meninas abandonadas e em situações familiares precárias. São 33. Os pedidos abundam, mas a capacidade de acolhimento é limitada e a educação tornar-se difícil.
A Irene foi levada para aí quando tinha dois anos. Pequenina, um farrapito. Pior ainda, não falava, não sorria, não crescia. Após um ano, apesar das certezas do médico, nenhum melhoramento. A situação era preocupante. Parecia destinada à infelicidade e a ficar raquítica para toda a vida.
Mas não foi assim que aconteceu. Foi acolhida pela Sílvia, uma menina de três anitos. Começou a andar à volta da Irene e a falar com ela com a simplicidade infantil. Falava-lhe, falava-lhe, mas sem resposta alguma. Donde tirava ela a força e a constância de assim proceder a cada dia e durante todo o dia, é um mistério. Como é que podia contar-lhe tantas coisas? Como é que podia fazer-lhe tantas perguntas, sem nunca obter uma resposta? Quem a viu neste exercício de paciência… afirma que era deveras comovente. Frequentemente a abraçava e beijava. Mas a Irene... continuava marmórea e silenciosa! Não ouvia? Não entendia? Estariam todos os seus sentimentos apagados?
Um dia, o milagre aconteceu: o pranto! Um choro abundante e impetuoso! Choro e nada mais. A Sílvia olhava simplesmente para ela. Contemplava-a com os olhos luminosos, mas sem fazer nenhuma pergunta. Na sua pequenez percebe que deve ser discreta e que o desafogo é já por si palavra e comunicação. Talvez que nem a Irene fosse capaz de justificar as suas lágrimas. Era demasiado pequena para saber e recordar. Mas não tão pequena para sentir no coração as feridas do abandono. Há sofrimentos conhecidos e sofrimentos indecifráveis.
Passaram os dias. Após o pranto veio o sorriso. Não se encontra a Irene na casa da alegria? É a sua primavera: um desabrochar para a vida, para si mesma e para os outros. E com o sorriso, primeiro a custo, depois de um modo sempre mais claro, a voz, a fala, a comunicação. E começa a crescer!
Agora a Irene e a Sílvia têm à volta de seis anos. São palradoras e simpáticas. São mais do que amigas. Sempre juntas. Inseparáveis. Delas se diz: «Uma vive para a outra!» O milagre da atenção e da paciência! A Sílvia tirou a Irene da solidão para a fraternidade, do silêncio para a comunicação, do sofrimento para a alegria. Como são estupendos os caminhos do amor! Fazem ressuscitar!
A Irene foi levada para aí quando tinha dois anos. Pequenina, um farrapito. Pior ainda, não falava, não sorria, não crescia. Após um ano, apesar das certezas do médico, nenhum melhoramento. A situação era preocupante. Parecia destinada à infelicidade e a ficar raquítica para toda a vida.
Mas não foi assim que aconteceu. Foi acolhida pela Sílvia, uma menina de três anitos. Começou a andar à volta da Irene e a falar com ela com a simplicidade infantil. Falava-lhe, falava-lhe, mas sem resposta alguma. Donde tirava ela a força e a constância de assim proceder a cada dia e durante todo o dia, é um mistério. Como é que podia contar-lhe tantas coisas? Como é que podia fazer-lhe tantas perguntas, sem nunca obter uma resposta? Quem a viu neste exercício de paciência… afirma que era deveras comovente. Frequentemente a abraçava e beijava. Mas a Irene... continuava marmórea e silenciosa! Não ouvia? Não entendia? Estariam todos os seus sentimentos apagados?
Um dia, o milagre aconteceu: o pranto! Um choro abundante e impetuoso! Choro e nada mais. A Sílvia olhava simplesmente para ela. Contemplava-a com os olhos luminosos, mas sem fazer nenhuma pergunta. Na sua pequenez percebe que deve ser discreta e que o desafogo é já por si palavra e comunicação. Talvez que nem a Irene fosse capaz de justificar as suas lágrimas. Era demasiado pequena para saber e recordar. Mas não tão pequena para sentir no coração as feridas do abandono. Há sofrimentos conhecidos e sofrimentos indecifráveis.
Passaram os dias. Após o pranto veio o sorriso. Não se encontra a Irene na casa da alegria? É a sua primavera: um desabrochar para a vida, para si mesma e para os outros. E com o sorriso, primeiro a custo, depois de um modo sempre mais claro, a voz, a fala, a comunicação. E começa a crescer!
Agora a Irene e a Sílvia têm à volta de seis anos. São palradoras e simpáticas. São mais do que amigas. Sempre juntas. Inseparáveis. Delas se diz: «Uma vive para a outra!» O milagre da atenção e da paciência! A Sílvia tirou a Irene da solidão para a fraternidade, do silêncio para a comunicação, do sofrimento para a alegria. Como são estupendos os caminhos do amor! Fazem ressuscitar!
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