16/10/2012

Visita missionária à Amazônia

Renato Papis
Neste mês missionário, o secretário adjunto do Regional Sul 1 da CNBB e responsável do Projeto Missionário Norte 1 - Sul 1, padre Nelson Rosselli Filho foi entrevistado pelo jornalista Renato Papis, do Regional Sul 1. Ele relata sua visita missionária à Amazônia.
Durante oito dias, de 26 de agosto a 4 de setembro, o padre visitou os missionários e missionárias, mantidos pelo Projeto Missionário Sul 1 - Norte 1 na Amazônia.
Padre Nelson, quando começou a sua viagem? Quais as cidades da Amazônia que o senhor visitou?
Comecei a minha viagem no dia 26 de agosto. Cheguei em Tabatinga, AM, no dia 27 de agosto onde visitei Izalene Tiene e o padre Isaías Daniel. Partindo para Tefé, AM, encontrei Glória de Freitas e o padre Valdemar Aparecido dos Reis. Depois de uma viagem de 8h30 de lancha, partindo de Tefé para as cidades de Anori, AM, e Anamã, prelazia de Coari me encontrei com os padres Antônio França e Carlos Enrique dos Santos da Silva. No dia 4 de setembro voltei para São Paulo.
Quais as maiores dificuldades encontradas naquela região?
As maiores dificuldades encontradas são a questão indígena que passa pelo reconhecimento do direito à terra, pelo resgate a identidade cultural e pelo serviço de saúde; o avanço rápido das comunidades evangélicas nos rincões mais afastados; as migrações frequentes que levam a perder as raízes culturais e a fragmentação de valores; a exploração descontrolada da Amazônia e a cobiça de organizações estrangeiras; o fenômeno da urbanização, gerando desemprego, rincões de pobreza, sem infraestrutura de educação de saúde. Quanto a presença da Igreja na região amazônica, o maior desafio são os poucos recursos financeiros para desenvolver suas atividades evangelizadoras e certamente uma das maiores dificuldades encontradas é o número insuficiente de missionários, padres religiosos e leigos.
Fale-nos um pouco do Projeto Missionário? Quando nasceu?
Criado há 18 anos pelos Bispos do Estado de São Paulo, através do presidente na época, Dom Eduardo Koaik, o Projeto vem colaborando, com o envio de missionários(as) que doam, pelo menos, três anos de sua vida para a missão na Igreja da Amazônia. O compromisso do Projeto, que hoje reúne oito missionários, é com Igreja local, com a população amazônica, que deve fazer parte de nossos cuidados pastorais. Assim nasceu o Projeto Missionário cheio de entusiasmo e coragem.
Quais são as realidades concretas onde mais aparecem os bons resultados do trabalho dos missionários mantidos pelo Projeto?
Com o decorrer da minha viagem, me dei conta dos bons frutos do projeto para com a Igreja da Amazônia: Começamos com os números de missionários e de missionárias que o Projeto já enviou, foram mais de 70 entre padres, religiosas e leigas. A Izalene coordena uma comissão para trabalhar a Campanha da Fraternidade em Tabatinga, AM, e assessora a organização e formação dos cristãos leigos e leigas na Diocese. O padre Isaías é vigário paroquial em Tabatinga e está organizando o Serviço de Animação Vocacional Diocesano.
A Glória mora em Tefé e trabalha na Pastoral da Saúde; padre Antônio França atua como pároco da Paróquia Imaculada Conceição de Anori na Prelazia de Coari; padre Carlos Enrique é pároco do Santuário São Francisco de Anamã; padre Valdemar mora em Tefé, e trabalha como Vigário-Geral e no Centro Vocacional da Prelazia de Tefé e a Maria Soares de Camargo exerce seu trabalho missionário na diocese de Boa Vista, RR, junto com o bispo de Roraima, Dom Roque Paloschi.
Além disso, percebi o bom andamento do Projeto, sobretudo no trabalho desenvolvido pelos nossos missionários que visitei, inseridos no meio do povo e da cultura local e sua profunda comunhão e harmonia entre os missionários e o bispo da região.
Padre Nelson, sabemos que o maior e mais importante problema da região é o da terra, mas também existem outros problemas, como a questão indígena e o desmatamento. Como os missionários lidam com esses problemas no trabalho pastoral com os amazonenses?
Com certeza nossa presença na Amazônia visa o anúncio do Evangelho. Os nossos missionários estão presentes no meio das comunidades ribeirinhas, ajudando-os em suas dificuldades e sofrimentos do dia a dia e conhecendo a realidade amazônica, através da formação social, humanitária e religiosa, principalmente na animação pastoral e evangelizadora.
Voltemos, então, a sua visita. De tudo o que o senhor visitou quais as experiências mais marcantes?
Em geral as experiências mais marcantes nas comunidades nas quais visitei, foram o estilo de vida simples de nossos missionários: a humildade em ouvir, conhecer, partilhar e amar o povo amazonense e a espiritualidade dos missionários.
Quais os outros aspectos poderiam ainda ser mencionados da sua visita, nessa entrevista?
Recordo o encontro que tive com os Bispos das dioceses e prelazias das quais visitei. Pude também acompanhar por um dia a Viagem Missionária de Bispos à Amazônia que a convite do arcebispo militar do Brasil, Dom Osvino José Both, feita na Assembleia Geral da CNBB, alguns Bispos provenientes de diversas arquidioceses e dioceses viajam para Amazônia. Um outro aspecto que marcou, foi a passagem dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), na Paróquia São Raimundo Nonato, em São Raimundo, em Manaus e também minha ida à Colômbia e Peru (tríplice fronteira), onde visitei as comunidades de Islândia e Santa Rosa de Lima.
Como resumiria a sua visita de oito dias na Amazônia?
Essa viagem foi um momento de graças e bênçãos recebidas por Deus. Temos uma missão muito importante para com a Igreja Amazônica: principalmente o desafio que o Sínodo nos coloca: "Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã", levar o Pão da Palavra, da Eucaristia, da justiça social e reavivar o dom da fé com os nossos irmãos que ali vivem.
Qual mensagem poderia transmitir àqueles/as que desejam ser missionário/a?
A evangelização na Amazônia é um desafio que nos encanta. Conheça o nosso Projeto Missionário Sul 1 - Norte 1, enviando um e-mail cnbbs1@cnbbsul1.org.br. Lembro também a intenção missionária do mês de setembro "Ajuda às Igrejas pobres". Para que aumente nas comunidades cristãs a disponibilidade de enviar missionários e missionárias: presbíteros, religiosos e leigos como também recursos materiais, a fim de ajudarem as Igrejas mais pobres. Termino minha entrevista tendo a consciência de que nosso Projeto colaborará muito na evangelização das prelazias e dioceses que compõe o Regional Norte I. Peço o apoio de todos, principalmente na colaboração espiritual através das orações e na divulgação do projeto Sul 1 - Norte 1.
Fonte: www.cnbbsul1.br

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