
Comprar um novo computador somente com o intuito de se tornar um usuário do Windows 8 - o recém-lançado sistema operacional da Microsoft - é uma opção impensável para grande parte dos usuários. Ao invés de adquirir um PC novinho daqueles com tela sensível ao toque - principal alvo dos recursos inovadores do no sistema - e que custam cerca de R$ 2 mil, o usuário pode desfrutar dos benefícios de ter um sistema atual fazendo o upgrade (atualização a partir da versão anterior do software, já instalada numa máquina usada).
A tela do sistema pode ser alternada entre duas áreas: a de desktop tradicional e a nova "Live Tiles"
Essa atualização é facilitada tanto financeiramente quanto tecnicamente. A facilidade para o bolso é que, para quem comprou um computador com o Windows 7 desde junho deste ano, é possível migrar para o Windows 8 Pro pagando apenas R$ 29. Para os demais usuários do Windows, essa mesma atualização sai por R$ 69 - valor convidativo, levando em conta os altos preços cobrados em outros tempos pela Microsoft na época em que reinava absoluta sem ser incomodada pela Apple e o Google com seus dispositivos "não-Windows".
Tecnicamente, o upgrade também é feito de forma bem suave e prática para os usuários do Windows 7. Uma avaliação feita pelo software Assistente de Atualização, aponta eventuais incompatibilidades, que são mínimas, antes do usuário dar o pulo para o lado do Windows 8. O novo sistema mantém os arquivos e programas presentes na versão anterior. Como a própria Microsoft já garantiu, os computadores com o W7rodam bem o novo sistema.
Apesar de trazer uma interface inovadora, o W8 é modesto em suas exigências técnicas. Mas, para colocar à prova essa característica, o desafio mesmo, experimentado pelo Tecno, foi fazer o upgrade numa máquina "mediana", rodando o Windows Vista e equipada com processador Intel Core 2 Duo E4700, de 1,2 GHz, com 4 GB de memória RAM. Mas, a boa surpresa foi que hardware e software não quiseram saber de intrigas e demonstraram um bom nível de compatibilidade.
Na análise prévia, o Assistente de Atualização apontou apenas um problema com o programa antivírus. Outros programas bastante usados nessa máquina, como os do pacote Adobe Creative Suite (CS3), precisariam apenas ser reinstalados.
Sistema mais seguro

A questão de incompatibilidade com o antivírus, no caso uma versão paga do Kaspersky, toca num ponto no qual o Windows 8 foi bem avaliado. De acordo com um estudo feito pela empresa de antivírus BitDefender, o Windows 8 consegue barrar até 85% das ameaças mesmo sem utilizar uma ferramenta de segurança adicional.
Os preços da atualização do Windows variam entre R$ 29 e R$ 269 - a diferença depende de como o usuário prefere adquirir o software: via download ou em DVD
Nos testes feitos pela BitDefender com 385 programas maliciosos injetados numa máquina com o novo sistema da Microsoft, o Windows Defender - ferramenta de segurança nativa do sistema operacional - barrou a atuação de 324 malwares. O Windows 8 apresenta, portanto, uma boa margem de segurança em comparação com versões anteriores - talvez pelo fato de ainda se tratar de uma novidade no mercado. "Desde o Windows Vista e depois o Windows 7, o sistema da Microsoft possui propriedades de segurança muito melhores que do Windows XP", comenta o consultor em tecnologia Marcos Monteiro. De fato, antes do Service Pack 2 do Windows XP, o sistema sequer possuía um firewall (programa para barrar invasões) integrado.
Mas ter 85% de eficiência contra programas maliciosos não significa dizer que o W8 está, por si só, seguro - afinal, 61 ameaças conseguiram infectar o sistema. Para o especialista em segurança da BitDefender, Catalin Cosoi, o Windows Defender "é melhor que nada", mas não substitui uma boa proteção paga. "Muitos dos antivírus populares podem fazer melhor. A conclusão é clara: usar o PC sem uma solução de segurança é extremamente perigoso", afirma a companhia. A necessidade de adquirir um novo antivírus, portanto, foi o único "prejuízo" decorrente da migração do Vista para o 8 no PC testado pelo Tecno.
Mesmo para usuários do XP ou Vista, a instalação do W8 dá a opção de manter as configurações do sistema e arquivos pessoais. Assim, o usuário não vai ter sobressaltos ao deparar com o novo sistema na tela. Até mesmo uma interface semelhante à do Windows 7 (chamada de "desktop" ou "área de trabalho") está lá à disposição daqueles usuários menos afeitos a grandes mudanças.
Nova interface
Para os menos conservadores, o Windows 8 inovou na interface com seu mosaico de ícones dinâmicos e no novo jeito de navegar, mais intuitivo. Os programas tiram bastante proveito da tela widescreen recomendada para uso do sistema e se apresentam sempre em tela cheia. Na nova interface, batizada de "Live Tiles" - numa alusão, em inglês, aos "azulejos" dinâmicos -, é possível instalar aplicativos disponíveis na "Loja" do Windows 8. Lá estão opções como o Skype para substituir o Windows Live Messenger (este só roda na versão desktop), o assistente de anotações Evernote, o serviço de filmes online Netflix, entre outras. Para rodar os programas dos sistemas anteriores, basta usar o atalho das teclas "Windows" + "T" e alternar para a interface desktop.
Aliás, a até então esquecida tecla Windows (aquela com a logo do sistema, posicionada ao lado da barra de espaço no teclado do PC) nunca foi tão requisitada como agora. É ela que também faz o sistema voltar para a página de inicialização sempre que o usuário se perder em sua navegação pelas novidades que o Windows 8 e sua "Live Tiles" oferecem.
Com as aplicações sempre em tela cheia, a princípio o usuário pode se confundir ao não encontrar as tradicionais barras de menu dos programas ativados. Para chegar a essas opções, basta que o usuário movimente o cursor para o canto superior direito da tela e, nessa lateral, surgirão os ícones com opções de acordo com o software que está sendo executado. Clicar com o botão direito do mouse também abre novas opções ligadas ao programa. Ao levar o cursor para os cantos do lado esquerdo, o usuário pode clicar para ter acesso aos programas abertos. As teclas "Alt" + " Tab" também ainda servem para alternar entre os programas ativos.
OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Usar o sistema lembra o filme ´Minority Report´
Marcos Monteiro - Consultor de informática
Desde o Windows Vista, e depois o Windows 7, o sistema da Microsoft possui propriedades de segurança muito melhores que do Windwos XP. Mas o 8 tem como ponto forte mesmo a interface inovadora que quase refaz o conceito de software como parte lógica do computador, uma vez que o usuário sente a necessidade de tocá-lo para interagir.
Apesar de muito audaciosa, a ideia de ter uma única interface de sistema independente de computador, tablet ou smartphone, me levou a crer que era possível. A invenção do mouse tornou possível a interface gráfica, mas o Windows 8 foi feito pra pegar com a ponta dos dedos. Tela touchscreen passa a ser um periférico básico. A Microsoft teve muita coragem, pois quem ainda estava se acostumando com o Vista ou o 7, bem diferentes do XP, agora terá que experimentar o sistema de uma forma bem diferente. Usá-lo me lembrou o filme "Minority Report".
Desempenho melhora, mas com poucos programas
De cara, logo após a instalação, já se nota o Windows 8 rodando bem mais leve do que o Vista. Um teste feito com programa de benchmark PCMark 7 (que testa o desempenho geral da máquina) no computador ainda com o sistema anterior, antes do upgrade, resultou numa pontuação de 170. Após a atualização, o sistema atingiu 1.323 pontos com o mesmo programa.
Na prática, também se nota a inicialização do sistema bem mais rápida, poupando o usuário daquela longa espera para que todos os programas estejam prontos para serem usados sem engasgos. Impressionou ainda mais a velocidade de finalização dos sistema, em poucos segundos. Resta saber se, com o acúmulo de aplicativos - além dos programas herdados do Windows Vista -, o sistema vai manter o bom desempenho.
Quem se ocupou de aferir isso foi a empresa TuneUp, que oferece uma ferramenta de otimização do sistema. Segundo ela - que testou o Windows 8 em um PC com processador Core 2 Duo de 3 GHz, 4 GB de RAM e disco SSD de 256 GB - o Windows 8 se torna mais lento com a adição de programas. "Após a instalação de 50 programas, já era evidente uma queda no desempenho", constatou a empresa. O teste da TuneUp detectou 61 processos ativos rodando no PC nos primeiros dez minutos. Depois de oito semanas e de 150 programas instalados, o número de processos subiu para 131 e a RAM passou a ficar 75% ocupada constantemente.
Vendendo seu "peixe", a companhia reporta que, com sua ferramenta TuneUp Utilities, o número de processos foi reduzido para 54 e o uso da memória passou de 2,6 GB para 1 GB. Nos primeiros minutos após a instalação, a memória usada era de 1,4 GB. O tempo de inicialização do sistema logo após a instalação era de 61 segundos. Após 150 programas instalados, esse intervalo subiu para 170 segundos. Já com o uso da ferramenta TuneUp, caiu para 55 segundos.
Diário do Nordeste
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