27/11/2012

Evento discute aumento de convívio


O período de um a três anos de idade é de consolidação de formação do sujeito. Assim, o convívio materno é fundamental. A afirmação da coordenadora docente do Núcleo Cearense de Estudos e Pesquisas sobre a Criança, da Universidade Federal do Ceará (UFC), Andrea Cordeiro, vai ao encontro da discussão levantada, ontem, na II Semana do Bebê, no Instituto Penal Feminino Auri Moura Costa, em Itaitinga, na qual foi apontada a possibilidade de extensão do tempo de permanência dos bebês com as mães, que, hoje, é um ano.

Atualmente, o tempo de permanência dos bebês com as mães no presídio é de um ano. Para especialistas, a extensão do período pode fortalecer os vínculos, mas a criança não pode ser privada de sua liberdade Foto: Rodrigo Carvalho


A assessora da Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado (Sejus), Patrícia Sá, explicou que essa idade já passou de quatro meses para seis e, posteriormente, para um ano. "Isso por conta do período de amamentação, fundamental para criança", explica.

Dessa forma, ela acredita que a extensão pode ser discutida, sim, desde que haja motivos sólidos para tal mudança. "Temos que pensar também que esta criança não pode ser privada de sua liberdade por conta de um erro da mãe", acrescentou.

Andrea Cordeiro concorda com Patrícia, contudo, diz que a idade deve ser aumentada, contanto que a criança não tenha perdas. "É preciso garantir este espaço dentro do presídio, oferecer espaço de escola, garantir estrutura de sustentação para manter os direitos deste bebê, como educação e convivência". Dentre os ganhos, ela aponta a valorização do vínculo da mãe com a criança, inclusive na tentativa de garantir visitas futuras.

Para a coordenadora do Selo Unicef, Tati Andrade, o trabalho no presídio com estas mulheres é extremamente valioso, pois resgata sentimentos e cidadania. "Temos que começar a pensar na viabilidade da extensão da idade de convívio e trabalhar melhor o momento da separação".

Maternidade

A detenta P.S.L., 32 anos, foi condenada a mais de 34 anos de prisão por assalto a banco. Para ela, que deu à luz 15 dias depois de ser presa, o convívio com o filho no presídio diminuiu a sua agressividade, além de ensiná-la a ser mãe. No entanto, o bebê de P.S.L. já tem um ano, e deve ser separado dela em janeiro próximo. "É triste saber que vou perder meu filho", lamenta. Ela afirma que o menino vai ficar com a sua família e que não sabe se voltará a vê-lo, pois não recebe muitas visitas.

O Instituto da Infância (Ifan)desenvolve, dentro da penitenciária, o Projeto Brincar Vir-Ver, que assiste a 335 mães presidiárias com filhos até 11 anos de idade. A iniciativa busca mobilizar tanto as genitoras quanto a sociedade civil para um olhar diferenciado sobre a primeira infância. "A atividade do brincar é uma ferramenta determinante no resgate do papel da maternidade, do afeto e da cidadania", explicou a superintendente do Ifan, Luiza Laffite.

THAYS LAVORREPÓRTER
Diário do Nordeste

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