02/11/2012

Fiéis defuntos, entre passado e futuro



D.R.
Lisboa, 01 nov 2012 (Ecclesia) – A Igreja Católica celebra hoje e amanhã os dias litúrgicos de todos os santos e dos fiéis defuntos, que para muitos portugueses são de encontro com o seu passado, em romarias aos cemitérios.
O padre José Nuno Silva, capelão do Centro Hospitalar São João, no Porto, refere a este respeito que a eliminação, a partir de 2013, do feriado nacional de 1 de novembro, popularmente associado à celebração dos defuntos, vai “redundar num prejuízo civilizacional”.
“Era um dia em que os portugueses se encontravam ainda com o seu passado, com as suas memórias e com uma palavra capaz de significar a morte, que é a palavra ressurreição”, assinala, em declarações recolhidas pela ECCLESIA.
Este responsável assina a obra ‘A Morte e o Morrer entre o Deslugar e o Lugar. Precedência da Antropologia para uma Ética da Hospitalidade e Cuidados Paliativos’, que agora chega às livrarias.

Para o sacerdote católico, a humanização da morte na sociedade constitui um verdadeiro “desafio civilizacional”, a que a Igreja tem de estar atenta.
Bento XVI lembrava, em 2011, que a Igreja “cultivou com grande piedade a memória dos mortos e ofereceu sufrágios por eles” desde os primeiros tempos da fé cristã”.
“Na visita aos cemitérios, enquanto conserva os vínculos de afeto com quantos nos amaram nesta vida, recordamos que todos tendemos para uma outra vida, para além da morte”, referia.
A ‘comemoração de todos os fiéis defuntos’, depois da solenidade todos os santos, remonta ao final do primeiro milénio: foi o Abade de cluny, Santo Odilão, quem no ano 998 determinou que em todos os mosteiros da sua Ordem se fizesse nesta data a evocação de todos os defuntos ‘desde o princípio até ao fim do mundo’.
Este costume depressa se generalizou: Roma oficializou-o no século XIV e no século XV foi concedido aos dominicanos de Valência (Espanha) o privilégio de celebrar 3 missas neste dia, prática que se difundiu nos domínios espanhóis e portugueses e ainda na Polónia.
Durante a I Guerra Mundial, o Papa Bento XV generalizou esse uso em toda a Igreja (1915).
Em Portugal, a tradição popular acabou por fundir, nos últimos anos, a celebração de todos os santos com a dos fiéis defuntos, aproveitando o feriado nacional  - que se vai celebrar pela última vez, até 2018 - para se deslocar aos cemitérios e homenagear os antepassados.
OC

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