08/11/2012

Papa critica «paraísos artificiais»


Bento XVI apela ao diálogo de fé com quem não é crente

Lusa | Audiência geral, Vaticano, 07.11.2012
Cidade do Vaticano, 07 nov 2012 (Ecclesia) – Bento XVI alertou hoje para os “paraísos artificiais” que, na sua perspetiva, estão a sufocar na humanidade o “misterioso desejo” de Deus e apelou ao diálogo entre católicos e os que não têm fé.
“O homem traz dentro de si um misterioso desejo de Deus. E embora muitos dos nossos contemporâneos possam objetar que não sentem tal desejo, este não desapareceu completamente do seu coração”, disse o Papa, no Vaticano, falando perante milhares de pessoas reunidas para a audiência pública semanal.
A intervenção apelou à purificação “de tudo o que é medíocre” como forma de produzir “anticorpos contra a banalização hoje difusa” e mergulhar “no desejo profundo de Deus”.
“Também no nosso tempo, aparentemente fechado ao transcendente, é possível abrir um caminho para o verdadeiro sentido religioso da vida, que mostre como a fé não é absurda ou irracional”, complementou.
Prosseguindo o ciclo de catequeses dedicado ao Ano da Fé (outubro de 2012-novembro de 2013), Bento XVI aludiu aos que se encontram em “caminhos desviados, perseguem paraísos artificiais e parecem perder a capacidade de anelar pelo verdadeiro bem”.

“Mesmo no abismo do pecado não se apaga no homem aquela centelha que lhe permite reconhecer o verdadeiro bem, saboreá-lo e iniciar um percurso de subida no qual Deus, com o dom da sua graça, não faz faltar a sua ajuda”, declarou.
Falando da humanidade como “peregrina da pátria celeste”, o Papa deixou votos de que “neste Ano da Fé, Deus mostre o seu rosto aos que o procuram de coração sincero”.
“Nesta peregrinação, sintamo-nos irmãos de todos os homens, companheiros de viagem também dos que não acreditam, de quem está em busca, de quem se deixa interrogar com sinceridade pelo dinamismo do próprio desejo de vida e bem”, disse.
“As experiências humanas fundamentais, como o amor e a amizade, mostram que em todo o desejo humano há um eco de um desejo maior, que nunca se satisfaz plenamente. Esta dinâmica do desejo testemunha que o homem é um ser religioso”, referiu, apelando a uma “pedagogia do desejo”.
Em português, Bento XVI sublinhou que “o homem conhece bem aquilo que não o sacia, mas não pode imaginar nem definir o que lhe faria experimentar aquela felicidade de que sente nostalgia no coração”.
“O homem é um ‘mendigo de Deus’ e, só em Deus, encontra a verdade e a felicidade que procura sem descanso. Por isso, não se trata de sufocar o desejo que está no coração do homem mas de o libertar, a fim de que possa alcançar a sua verdadeira altura”, prosseguiu.
Na habitual saudação aos peregrinos de língua portuguesa, Bento XVI pediu que cultivem “uma vontade que procure a Deus, uma sabedoria que o encontre e uma vida que lhe agrade”.
OC

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