25/11/2012

Urge instaurar a caridade da razão



O monge italiano, Luciano Manicardi, disse, na Semana Social, que a caridade não é «sentimento ou vaga de piedade», mas o «sentido do outro e por isso dos seus direitos enquanto ser humano».

LFS/Agência ECCLESIA | Luciano Manicardi
Porto, 24 nov 2012 (Ecclesia) – O monge da comunidade monástica de Bose (Itália), Luciano Manicardi afirmou, hoje, no Porto, na Semana Social, que a fome, a falta de abrigo e de trabalho, “não toleram esperas”.
Na sua intervenção sobre «A caridade, essência do ser Igreja», Luciano Manicardi sublinhou que a conversão das consciências deve passar, antes de mais, através de uma “obra sensível, ou seja atuada com os sentidos humanos: Ver o pobre, reconhecer a sua necessidade, prover porque não há tempo”.
«Estado Social e Sociedade Solidária» é o tema desta Semana Social - congrega mais de 300 participantes – a decorrer na cidade portuense (Casa de Vilar), até domingo.
Para este monge italiano, no “precário panorama social e económico”, os cristãos devem lembrar-se “que é urgente assumir a caridade da razão” e acrescenta: “É importante recordar as razões da caridade, mas urge sobretudo instaurar a caridade da razão”.
Os “dias maus” – continuou Luciano Manicardi – pedem “a restauração da gramática básica da atenção ao outro, a defesa da centralidade da pessoa necessitada, sem voz, sem poder, sem visibilidade e redescoberta da urgência da caridade”.
Em relação à «caridade da razão», o monge daquela comunidade monástica exorta para que a “razão política seja enxertada na caridade” e que esta não seja apenas “sentimento ou vaga de piedade” porque “caridade é sentido do outro e por isso dos seus direitos enquanto ser humano”.
Nos tempos que correm, a Igreja tem diante de si “um trabalho decisivo sobre a caridade”, visto que esta é tal “quando assume o trabalho de reconstruir uma gramática do humano e da proximidade”.
Na sua preleção, Luciano Manicardi alertou os participantes da Semana Social que a caridade deve “fornecer capacidade crítica” e a sua prática “deve ser enriquecida cada vez mais de razão e de inteligência” e “transformar-se em obra crítica, que exerce um juízo sobre situações e realidades”.
A caridade implica – acrescentou – “uma palavra forte, clara e profética sobre os males que produzem pobreza e marginalização”.
Luciano Manicardi tem vários livros publicados e alguns deles traduzidos para português: «A caridade dá que fazer»; «Viver uma fé adulta» e «Ao lado do doente».
As semanas sociais são promovidas de três em três anos pela Conferência Episcopal Portuguesa, com a coordenação de um grupo presidido por Guilherme d' Oliveira Martins, e composto, entre outros por Alfredo Bruto da Costa, Eugénio Fonseca, padre José Manuel Pereira de Almeida e Joaquim Azevedo.
LFS

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