Com o título “O nosso eterno dom Aloísio”, eis o Editorial do O POVO desta segunda-feira, véspera de Natal. Resgata um homem que, acima de tudo, soube ser igreja. Confira:
Este mês de dezembro marca a passagem dos cinco anos da morte em Porto Alegre (RS) de dom Aloísio Lorscheider, o cardeal gaúcho que o Ceará adotou. Após vários anos lutando dignamente contra problemas de saúde, ele nos deixou aos 83 anos, já em retiro no Rio Grande do Sul, seu estado de nascimento. É bom ressaltar que esse recolhimento se deu por escolha própria, pois não faltaram apelos para que vivesse seus últimos dias no Ceará, junto ao povo que até hoje lhe é grato pelos ensinamentos e exemplos de vida.
O destino lhe reservou a data de 23 de dezembro para a passagem final, dois dias antes da celebração natalina, como a nos fazer mais uma vez refletir sobre a importância dos ensinamentos deixados pelo homenageado de amanhã, Jesus Cristo, que a cada dia parecem ficar mais distantes.
Dom Aloísio foi um fiel seguidor desses ensinamentos, tanto na palavra como na ação. Em Fortaleza, onde esteve à frente da Arquidiocese de 1973 a 1995, foi verdadeiramente um cardeal para além da defesa das causas religiosas.
Dele, até hoje, as lembranças só dignificam sua biografia, voltada para a defesa dos mais pobres e dos menos favorecidos de nossa sociedade. Assim, manteve voz ativa na luta contra a ditadura militar, abriu espaço para a causa dos índios, esteve ao lado dos presidiários mesmo em circunstâncias nas quais sofreu risco de morte. Enfim, tratou-se de um homem verdadeiro em todos os momentos de sua trajetória. Para muitos, dom Aloísio era a voz dos que não tinham espaço para expressá-la em meio às barreiras impostas pelos poderosos.
Em vista disso, se fez mediador por diversas vezes entre os mais necessitados e esses donos do poder, em situações nas quais eram poucos os que poderiam e teriam a magnitude necessária para assumir esse papel.
A prova dessa assertiva é que chegou a ser votado para ser papa, fato que encarou humildemente até o final da sua vida. Por tudo, o Ceará continua ainda hoje reconhecendo nele a figura de uma pessoa ímpar, que nos deixou fisicamente, mas que permanece viva através de sua obra.
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