14/01/2013

A cana e a rede dois estilos de missão


MUNDO
Texto Opinião | Carlos Domingos | Foto Hugo Lami | 13/01/2013 | 10:15
Assim como há maneiras diferentes de matar pulgas também há modos diversos de "pescar". "Pescar" é uma das atividades mais normais da vida missionária. Mas há pescar e pescar como há ir e voltar. Vejamos algumas diferenças na pesca com cana, linha e anzol
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Assim como há maneiras diferentes de matar pulgas também há modos diversos de “pescar”. “Pescar” é uma das atividades mais normais da vida missionária. Mas há pescar e pescar como há ir e voltar. Vejamos algumas diferenças na pesca com cana, linha e anzol e pesca à rede. 

A pesca à cana é um esforço individual, em que prima a habilidade pessoal, o “ter olho” para o tempo, as ocasiões, a maresia, o lugar da passagem dos peixes, etc. Está vocacionada especialmente para a pesca junto à margem de rios ou junto à costa marítima.
Já ouviram aquela do pescador chico-esperto que ia pescar debaixo da ponte em dia de chuva porque os peixes iam lá abrigar-se para não se molharem? 
A pesca à rede, por outro lado, envolve o esforço coletivo, de grupo, que obriga a puxar em conjunto e a programar em conjunto, até porque se afoita muito mais longe, para águas muito mais profundas e longínquas, em busca de outras qualidades de peixe.

Pescar à cana significa lançar a linha e esperar por resultados. É como lançar o barro à parede e ficar à espera que não caia; pode ser que sim, pode ser que não. Depende de vários factores, muitos deles aleatórios. Pescar à rede, por seu turno, significa mostrar Cristo aos outros, no contexto de uma comunidade, de um grupo. E no grupo não se pode simplesmente improvisar, por muito eloquente que se seja. É preciso dialogar, programar e avaliar em conjunto.

Pescar à cana ajuda as pessoas a “ouvir” a mensagem do Evangelho enquanto pescar à rede leva as pessoas a “ver” o Evangelho vivido na prática. Ora uma imagem vale mais que mil palavras, e até uma canção popular proclama que “o vídeo matou a personalidade da rádio”.

Na pesca à cana a ideia é “chegar a uma decisão”, enquanto que na pesca à rede é “entrar em comunidade” e a comunidade, a seu tempo, chegará a uma decisão. Isto porque decisões, construções e planos não apadrinhados pela comunidade têm as pernas curtas, isto é, correm o risco de ficarem só no projeto, porque ninguém os considera seus. 
Com a pesca à cana a técnica é convencer os outros da verdade de Cristo (isto é, “dar informação”), enquanto que a pesca à rede é mostrar o amor de Cristo (isto é, “fazer transformação”). Porque, que interesse há em conquistar o mundo inteiro se depois “perdemos” a nossa alma? E esta só se ganha se nos deixarmos transformar pela graça de Deus, que também em nós pode fazer grandes coisas.

Enquanto a pesca à cana tende a ver a evangelização como uma atividade periódica, às vezes com carácter de passatempo de fim de semana, a pesca à rede encara a evangelização como uma ocupação necessária e permanente porque empenha toda a vida para toda a vida.
Em resumo, na pesca à cana pesca-se mais rápido, mas na pesca à rede, pesca-se “mais”.

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