13/01/2013

Bento XVI sustenta direito a «não emigrar»


Mensagem do Papa alerta para situações de exploração e ilegalidade potenciadas por problemas económicos e políticos

Aeroporto de Lisboa
Cidade do Vaticano, 12 jan 2013 (Ecclesia) – Bento XVI defende na mensagem para 99.º Dia Mundial do Migrante e Refugiado a importância de reafirmar, no atual contexto sociopolítico, o direito a “não emigrar”, isto é, ter condições para permanecer na “própria terra”.
“Hoje vemos que muitas migrações são consequência da precariedade económica, da carência dos bens essenciais, de calamidades naturais, de guerras e desordens sociais”, escreve o Papa, no texto dedicado à celebração que a Igreja vai assinalar este domingo.
Neste contexto, acrescenta o documento, a emigração “torna-se um ‘calvário’ de sobrevivência” que leva muitas pessoas a ficarem em “condições de marginalidade e, por vezes, de exploração e privação dos direitos humanos fundamentais”.
A mensagem, intitulada ‘Migrações: peregrinação de fé e de esperança’, dá destaque à questão da imigração ilegal que pode levar ao tráfico e exploração de pessoas, com maior risco para as mulheres e crianças.
“Uma gestão regulamentada dos fluxos migratórios – que não se reduza ao encerramento hermético das fronteiras, ao agravamento das sanções contra os ilegais e à adoção de medidas que desencorajem novas chegadas – poderia pelo menos limitar o perigo de muitos migrantes acabarem vítimas dos referidos tráficos”, indica Bento XVI.
O Papa pede intervenções nos países de origem e “programas orgânicos dos fluxos de entrada legal” nos destinos migratórios, apelando a uma “maior disponibilidade para considerar os casos individuais que requerem intervenções de proteção humanitária bem como de asilo político”.
A mensagem destaca, por outro lado, a importância de promover uma visão positiva sobre as migrações e encorajar os que saem da sua terra a contribuir para o bem-estar dos países de chegada “com suas competências profissionais, o seu património sociocultural e também com o seu testemunho de fé”.
O documento recorda o “desejo de uma vida melhor que anima muitos migrantes, muitas vezes “unido ao intento de ultrapassar o ‘desespero’ de um futuro impossível de construir”.
“Muitos encetam a viagem animados por uma profunda confiança de que Deus não abandona as suas criaturas e de que tal conforto torna mais suportáveis as feridas do desenraizamento e da separação, talvez com a recôndita esperança de um futuro regresso à terra de origem”, acrescenta.
Bento XVI diz que a Igreja deve promover as intervenções de acolhimento que “favorecem e acompanham uma inserção integral dos migrantes, requerentes de asilo e refugiados”, evitando “o risco do mero assistencialismo”.
“Aqueles que emigram trazem consigo sentimentos de confiança e de esperança que animam e alentam a procura de melhores oportunidades de vida, mas eles não procuram apenas a melhoria da sua condição económica, social ou política”,precisa.
OC

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