Igreja propõe ajustes na oferta de cursos académicos ao mercado de trabalho e debate perdas com partida forçada de muitos portugueses
Fátima, Santarém, 12 jan 2013 (Ecclesia) – Manuela Bairos, chefe de gabinete do Secretário de Estado das Comunidades, disse hoje que a fuga de cérebros é “anterior à crise” e, sendo “uma pena”, é uma “oportunidade” “inevitável”.
Se há “mais emigração qualificada”, é porque há “mais gente com qualificações”, considerou a responsável governamental no Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações, a decorrer até domingo, em Fátima. “Se tivermos 100 pessoas a saírem por ano não é grave. Mas se saírem em massa, setores mais dinâmicos da economia ficarão desguarnecidos”, referiu Manuela Bairos, desafiando as novas gerações a criarem uma “nova atitude” diante da mobilidade crescente que afeta o mercado de trabalho, considerado cada vez mais globalmente. Numa intervenção posterior no mesmo encontro, o deputado Paulo Pisco defendeu que a saída de emigração qualificada “é uma perda para Portugal”. O parlamentar do Partido Socialista (PS) eleito pelo círculo da Europa considerou “aterradora” a estatística recentemente divulgada por uma associação estudantes segundo a qual sete em cada dez estudantes pensa em abandonar o país quando acabar os estudos. “Sei que isto tudo é muito complexo, mas a crise não pode ser desculpa para tudo e não pode ser a desculpa para as pessoas serem maltratadas”, referiu Paulo Pisco. “Não podemos nunca abandonar a ideia que as pessoas podem ser tratadas como mercadorias, podendo ser um produto que se exporta para baixar as estatísticas do desemprego ou o país poder beneficiar das suas remessas”, acrescentou. Manuela Bairos disse, a este respeito, que o país está a "a crescer, a trabalhar, para fixar estas pessoas em Portugal”. Por seu lado, Frei Francisco Sales, diretor da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM), recordou desajustes que existem entre a oferta de cursos superiores e as necessidades do mercado de trabalho. “Há cursos a mais”, considerou o responsável da Igreja Católica pelo setor da mobilidade humana, o que provoca a inexistência de postos de trabalho necessários para todos os estudantes que terminam o ensino superior, que se vêm “obrigados a emigrar”. Frei Francisco Sales sugere a que o Governo ajude as novas gerações a fazer “escolhas orientadas”, evitando assim a “frustração dos jovens licenciados” por não encontrarem resposta no mercado de trabalho. O diretor da OCPM disse que muitos jovens “saem e dizem que não têm vontade de voltar a Portugal”. O Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações, promovido pela Obra Católica Portuguesa de Migrações em parceria com a Cáritas Portuguesa e a Agência ECCLESIA, comemora em Portugal o 99.º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que a Igreja Católica assinala este domingo. Na mensagem que escreveu para este dia, Bento XVI afirma que “antes do direito a emigrar há que reafirmar o direito a não emigrar, isto é, a ter condições para permanecer na própria terra”.
PR
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