08/01/2013

Papa diz que relativismo impede compromisso pela paz


Bento XVI renova alertas contra fanatismo religioso e «esquecimento de Deus»


Lusa | Encontro de Bento XVI com os membros do corpo diplomático, Vaticano, 07.01.213
Cidade do Vaticano, 07 jan 2013 (Ecclesia) – Bento XVI manifestou-se hoje no Vaticano contra as “manifestações contemporâneas do esquecimento de Deus”, afirmando que esta ignorância pode provocar atos de fanatismo de “matriz religiosa”.
“Trata-se [o fanatismo] duma falsificação da própria religião, uma vez que esta visa reconciliar o homem com Deus, iluminar e purificar as consciências e tornar claro que cada homem é imagem do Criador”, disse o Papa no encontro de ano novo com os membros do corpo diplomático acreditados junto da Santa Sé.
Segundo Bento XVI, o que gera a violência “não é a glorificação de Deus, mas o seu esquecimento”.
“Como se pode efetuar um autêntico diálogo, quando deixa de haver por referência uma verdade objetiva e transcendente? Em tal caso, como se pode evitar que a violência, aberta ou disfarçada, se torne a norma derradeira das relações humanas?”, questionou.
A reflexão do Papa sublinhou a ligação entre a verdade, a justiça e a paz, criticando quem as apresenta como “utopias que se autoexcluem”.
“Sem uma abertura ao transcendente, o homem cai como presa fácil do relativismo e, consequentemente, torna-se-lhe difícil agir de acordo com a justiça e comprometer-se pela paz”, alertou.
Bento XVI quis reafirmar a necessidade de um compromisso cívico dos cristãos para “promover a dignidade da pessoa humana e os fundamentos da paz”.
Essa ação, observou, não deve ser vista como “uma ingerência na vida das diversas sociedades, mas serve para iluminar a reta consciência dos seus cidadãos e convidá-los a trabalhar pelo bem de cada pessoa e o progresso do género humano”.
A Santa Sé mantém relações diplomáticas com 179 Estados e está presente em várias organizações internacionais, tendo o estatuto de Estado observador na ONU.
O Papa declarou que “a caridade está no âmago da ação diplomática” do Vaticano e sustentou, a este respeito, que “a caridade não substitui a justiça negada, mas também a justiça não supre a caridade recusada”.
“Em nome da caridade, a Igreja quer estar junto também de quantos sofrem por causa das calamidades naturais”, assinalou.
Portugal esteve representado no encontro pelo encarregado de negócios da embaixada junto do Vaticano, Luís de Albuquerque Veloso, e o conselheiro eclesiástico, Mons. Fernando de Matos, num momento em que se aguarda a confirmação da escolha de António Almeida Ribeiro como novo embaixador.
Bento XVI entrou na Sala Régia do Palácio Apostólico do Vaticano acompanhado pelo padre luso-canadiano José Avelino Bettencourt, chefe de protocolo da Secretaria de Estado.
OC

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