11/01/2013

Trabalhar no estrangeiro é a única saída, diz recém-licenciada em enfermagem


A recém-licenciada em enfermagem Inês Lopes considera que a emigração é a única saída que lhe resta diante da falta de emprego na sua área em Portugal.
“Nunca cresci a pensar que tinha de emigrar” mas essa escolha tornou-se inevitável porque “não há outra maneira de pensar”: é com estas palavras, publicadas na mais recente edição do Semanário ECCLESIA, que a jovem de 22 anos assume a futura partida para a Irlanda, onde vai prestar cuidados no campo da geriatria.
Inês Lopes está convicta de que o envio de currículos “não vai dar em nada”, pelo que tomou uma decisão: “Tenho é de mexer-me e fazer pela vida”.
Alguns dos colegas que, como ela, terminaram a formação em julho, optaram por “dar um ano de esperança a Portugal”, na expectativa que surja uma oportunidade de trabalho, mas esta escolha desagrada a Inês Lopes, que não quer “ficar em casa a deprimir”.
A maioria dos colegas de curso preferiu ir para o exterior, especialmente Inglaterra, até porque em enfermagem “é crucial continuar a colocar as competências em prática, para não as perder”.
A jovem manifestou perplexidade pelo que considera um desperdício de recursos por parte do Estado.
“Dado que o nosso país aposta em nós e gasta muito dinheiro na nossa formação, não só com a escolaridade obrigatória mas também com os quatro anos de licenciatura, era de esperar que houvesse oportunidade para todos retribuírem ao país a aposta em nós. A verdade é que, aparentemente, passa-se o contrário: somos maltratados e parece que nos querem mandar embora, em vez de nos agarrarem”, observou.
Os outros países agradecem: “Diz-se que a formação dos enfermeiros portugueses é muito completa, que estamos mais preparados quando terminamos o curso e que temos um rol de competências muito maior do que as proporcionadas nos locais para onde vamos trabalhar”.
“Se somos assim tão bons, por que é que o nosso país não nos aproveita?”, questiona, antes de frisar que diminuir o financiamento estatal e manter o nível de serviço é uma equação impraticável.
“O Governo quer cortar cada vez mais [na despesa pública] e quer que façamos o mesmo trabalho com a mesma qualidade e excelência, mas com menos enfermeiros”, o que é impossível “por maior que seja o esforço”, sublinhou.
É com “alguns medos, preocupações e inseguranças” que Inês olha para o país dos trevos, onde vai ter oportunidade de iniciar a carreira e alcançar “independência financeira e pessoal”.
Nos Escuteiros, que com o seu “companheirismo” e “entreajuda” contribuíram para escolher enfermagem, Inês habituou-se a conhecer outros povos e culturas mas sabia que o regresso era uma questão de dias; quando chegar à Irlanda, não sabe quando vai reencontrar Portugal.
PRE/RJM
Agência Ecclesia

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