27/03/2013

A saga em versos dos Três Mosqueteiros


O cordelista Klévisson Viana lança, amanhã, na Livraria Feira do Livro sua versão para clássico de Alexandre Dumas

O clássico de Alexandre Dumas é recriado em versos. Foto: Arte sobre capa do livro "Os Três Mosqueteiros (Zahar)
Da prosa de Alexandre Dumas para os versos do cordelista Klévisson Viana. O romance "Os Três Mosqueteiros" ganha novos ares e estilo na lirica do autor cearense que recria a aventura no livro "Os Três Mosqueteiros em Cordel". A obra, editada em 2012 pela LeYa, será lançada amanhã na Livraria Feira do Livro, às 19 horas. Na ocasião, o público participa de um bate-papo com o escritor, parte do projeto Quintal Literário.

Ambientado na França do século XVII e lançado originalmente no formato de folhetim em 1846, o romance de Dumas permanece atraindo a atenção do público, ganhando versões no cinema - a última delas em 2011 do diretor Paul L. S. Anderson - no teatro (o próprio Dumas tratou de adaptá-lo, após o sucesso do romance), e tantas outras linguagens quanto seja possível.

Para Klévisson, essa infinidade de adaptações, longe de ser um entrave ou causa de desgaste do tema, é a grande vantagem de se trabalhar com uma história clássica. "Eu procurei ler várias versões. Li o romance, li quadrinhos, assisti alguns filmes. Tudo isso ajuda a entrar no clima da obra. Absorver aquele universo", detalha.

A versão em cordel extrapola o modelo mais popular do folheto, de oito, dezesseis ou, no máximo, 32 páginas, sendo publicada em formato de livro tradicional, com 136 páginas. O livro conta ainda com ilustrações do artista paulista Coruja. Para narrar as aventuras do jovem D´Artagnan em sua busca para integrar a guarda real, com os inseparáveis Athos, Porthos e Aramis, detalha o autor, foram precisos 205 sextilhas, estrofes com seis versos de sete sílabas, que é uma das mais recorrentes no cordel.

"Publicar em livro, permite que você tenha o texto em uma estante de biblioteca. O folheto é um formato mais frágil, tem que ser guardado em caixa, fica complicado. O livro já é um suporte mais robusto", defende.

Leitores

Sobre o interesse do público de cordel pelas obras mais extensas e adaptadas de clássicos da literatura, Klévisson garante que este tipo de publicação atrai não apenas o leitor fiel dos folhetos, como faz com que outros públicos se interessem pelo formato. "A editora Nova Alexandria tem uma coleção clássicos em cordel que é um sucesso. É um dos carros chefes da editora. É a possibilidade do cordel chegar a outros público", diz.

A adaptação de clássicos, remonta às primórdios do que se tem notícia em cordel. Segundo Klévisson, ainda no século XIX, o folheto "História de Dona Genevra" fazia uma releitura de um dos episódio de "Decamerão", de Giovanni Boccaccio. Histórias como a da índia Iracema, do romance de José de Alencar, recebeu várias adaptações para os folhetos.

"Quando você adapta para outra linguagem empresta a obra outras elementos que o original não tem. O texto em cordel é muito prazeroso, tem toda essa ludicidade da rima que não tem no texto em prosa", enaltece Klévisson, sobre o valor literário da adaptação.

Enredo

O cordel se pauta sobre a história mais difundida entre as aventuras vividas pelos personagens de Alexandre Dumas. A chegada D´Artagnan a Paris, na intenção de tornar-se um dos mosqueteiros do rei Luís XIII. Após algumas desventuras, o jovem conhece Athos, Porthos e Aramis, passando a ser o quarto membro do grupo que, juntos, enfrentam impressionantes aventuras a serviço do rei. Vilões como o Cardeal Richelieu e seus guardas, o grande inimigo dos mosqueteiros, dão uma pitada de emoção a história, em meio a elementos trágicos como a paixão de d´Artagnan por Constance Bonacieux, arrumadeira da rainha Ana de Áustria.

Publicações

Já são 25 livros e mais de 100 folhetos assinados por Klévisson. Esta é a sua terceira adaptação de clássicos da literatura para a linguagem do cordel. Em 2005 ele adaptou "Dom Quixote de La Mancha", de Miguel de Cervantes, publicado como "As aventuras de Dom Quixote em versos de cordel" e em 2009 "Os Miseráveis", de Victor Hugo.

Ambos renderam premiações e foram incluídas no Programa Nacional da Biblioteca da Escola (PNBE), que distribui as obras para escolas de todo o Pais. "O ´Dom Quixote´ tem uma gravação com Paulo Bete declamando, tamanho o sucesso", comenta.

Natural de Quixeramobim, além de cordelista, Klévisson atua como cartunista e editor, à frente da Tupynanquim Editora, com a qual publicou mais de 400 livretos de cordel. Atualmente, ocupa ainda o cargo de editor e tesoureiro da Academia Brasileira de Cordel (ABC) e é membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC).

A programação de amanhã é parte do projeto Quintal Literário, que tem o apoio do Ministério da Cultura, por meio do edital Procultura, e promove debates com autores e lançamentos de livros.

Mais informações:

Lançamento do livro "Os Três Mosqueteiros em Cordel". Amanhã, 19 h, na Livraria Feira do Livro (Rua Benjamim Carneiro Girão, 87-A - Montese). Contato: (85) 3491.7868

LIVRO

Os Três Mosqueteiros em Cordel

Klévisson Viana

LeYa

2012, 136 páginas

R$ 35
FÁBIO MARQUES
REPÓRTER
Diário do Nordeste

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