São Francisco só viveu quarenta e quatro anos, de 1182 a 1226, mas foi o
suficiente para anunciar o Evangelho em harmonia com todas as realidades da
terra, começando com a própria natureza, levando a todos e a tudo uma mensagem
de eternidade e de paz. Por isso mesmo ele é respeitado em todas as religiões,
pelo seu jeito de viver, totalmente encarnado e identificado com a pessoa de
Jesus Cristo, como o arauto da paz verdadeira e duradoura. Daí a belíssima
oração atribuída ao pobrezinho de Assis: “Senhor, fazei-me instrumento da vossa
paz...”.
Ele, quando jovem, sonhou com a
glória militar, chegando a participar de uma guerra entre as cidades de Assis e
Perúgia, mas não obtendo nenhum sucesso, a ponto de ir pra uma dura prisão, por
um ano. Ao iniciar uma nova aventura militar, passa por uma crise de
consciência, a ponto de ser questionado profundamente quanto à ação militar.
Voltou para sua terra natal e, aos poucos, foi amadurecendo nele uma radical
conversão.
Foi Deus chamando-o a dizer: não as
vaidades do mundo, não a glória militar, não a ambição do comércio. Mas sim a
imitação radical da pobreza de Cristo. Francisco de Assis foi tão profundo em
viver o exercício da caridade, nos pobres, fazendo um firme propósito de nunca
negar-lhes um auxílio ou esmola. Não tendo nada, mas nada mesmo para oferecer a
um mendigo, tirou o seu manto novo e o trocou pelo manto esfarrapado daquele
pobre mendigo.
Dois anos antes de morrer, com sua
vontade louca de assemelhar-se ao Cristo, Deus entrou ainda mais na sua vida,
de modo extremamente profundo, através das santas chagas, ficando impresso no
seu corpo os sinais da paixão do Senhor Jesus, totalmente identificado com ele,
“Servo Sofredor”, confundindo-se: “Não sei se eras Francisco ou se Cristo
eras”.
O Santo de Assis acolheu sua missão,
ao abraçar o mistério da cruz, numa demonstração de coragem e de fé inabalável.
Aceitou tudo por amor, canalizando dentro da virtude da humildade, com a clara
consciência de que todas as graças concedidas pelo o Espírito Santo de Deus, a
mais preciosa é a renúncia.
O pobrezinho de Assis foi – (coisas
de Deus), a figura humana mais importante e atraente do milênio que passou,
conhecida em todo planeta. E é precisamente a partir dele que a fé passou a ser
vivida dentro de uma nova visão, fazendo a diferença, porque ele foi ao
extremo, foi às raízes.
No
Cântico das Criaturas vemos um Francisco de Assis amando e respeitando a
criatura humana e, ao mesmo tempo, protegendo os animais e plantas, chamando-os
com a maior ternura, de irmãos e irmãs. A chuva, o vento, o fogo e tudo mais
para ele deveriam ser carinhosamente tratados e respeitados como irmãos.
*Padre da
Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos Municípios
do Estado Ceará (ALMECE), da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza e
vice-presidente da Previdência Sacerdotal.
Pároco de
Santo Afonso
Autor
dos livros:
“O
peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas Maiores” (centenário de Dom Helder
Câmara);
“A
Ternura de um Pastor” - 2ª Edição (homenagem ao Cardeal Lorscheider);
“A
Esperança Tem Nome” (espiritualidade e compromisso);
"Dom
Helder: sonhos e utopias" (o pastor dos empobrecidos).
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