Dezenas de famílias desabrigadas pela chuva não têm para onde ir.
Mulher grávida chegou a passar mal e precisou receber atendimento.
Moradores acamparam em frente a prefeitura de Cubatão (Foto: Ivair Vieira Jr/G1)
Várias pessoas desabrigadas acamparam na noite desta quinta-feira (14) em frente a porta da Prefeitura de Cubatão e dormiram no local. As famílias invadiram o conjunto Bolsão 9 após a forte chuva do dia 22 de fevereiro, mas tiveram que deixar o local nesta quinta-feira por causa de uma reintegração de posse.
A retirada das famílias foi realizada de forma tranquila mas, depois, em frente a Prefeitura de Cubatão, houve muita confusão. O grupo saiu do Bolsão 9 e seguiu em caminhada até a prefeitura. Eles acamparam no espaço entre o Paço Municipal e a Câmara de Vereadores. Cinco pessoas da comunidade entraram para conversar com representantes da prefeitura, mas saíram sem nenhuma solução e a situação ficou tensa.
Após reintegração, moradores invadem prefeitura
Um manifestante foi detido pelos policiais militares e a confusão começou. Outro homem chutou e arrombou a porta da prefeitura e um grupo invadiu o prédio. Logo depois, eles foram retirados pela Polícia Militar.
Segundo o Procurador Geral do Município José Eduardo Limongi, o município deu atendimento e as 173 famílias desabrigadas tiveram todo o apoio e foram encaminhadas para abrigos ou para a casa de parentes. O procurador disse que as famílias que foram para a frente do paço municipal estavam nos apartamentos da CDHU e não tiveram nenhum suporte. "O Estado só providenciou o transporte das pessoas e dos móveis, e só", explica José Eduardo.
De acordo o responsável pelo projeto Serra do Mar, Fernando Chucre, a CDHU tinha 463 famílias que invadiram as unidades do Bolsão 9, e parte dessas pessoas já tinha cadastro no projeto e estão recebendo auxílio moradia. Aquelas que ainda não tinham cadastro realizaram a inscrição nesta quinta-feira (14) e devem receber o auxílio nos próximo dias.
Ainda segundo Fernando Chucre, cerca de 25 famílias não tinham cadastro no programa e não conseguiram comprovar que vieram dos bairros Pilões ou Água Fria. Elas foram levadas para um pousada na cidade, onde será realizado o cadastro para ver se elas poderão ser beneficiadas com o projeto Serra do Mar, o que gerou revolta dos acampados na Prefeitura que queriam o mesmo atendimento. O dono da pousada não quis que as familias ficassem no estabelecimento.
Madrugada
As famílias voltaram para a porta da Prefeitura. Homens, mulheres e crianças levaram colchões, pertences, e passaram a noite no local. De acordo eles, cerca de 60 familias estão acampadas. Durante a noite, uma mulher grávida passou mal e foi atendida pelo Serviço de Atendimento de Urgência (SAMU) de Cubatão. Os outros desabrigados permaneceram em cima de colchões e cobertores em uma noite de chuva e frio. "No meu barraco eu não tenho condições de ficar. Eu estou com o meu bebê, minhas filhas estão na casa de uma amiga e eu estou aqui tentando lutar por uma moradia", disse a dona de casa Jaqueline Alves.
As famílias voltaram para a porta da Prefeitura. Homens, mulheres e crianças levaram colchões, pertences, e passaram a noite no local. De acordo eles, cerca de 60 familias estão acampadas. Durante a noite, uma mulher grávida passou mal e foi atendida pelo Serviço de Atendimento de Urgência (SAMU) de Cubatão. Os outros desabrigados permaneceram em cima de colchões e cobertores em uma noite de chuva e frio. "No meu barraco eu não tenho condições de ficar. Eu estou com o meu bebê, minhas filhas estão na casa de uma amiga e eu estou aqui tentando lutar por uma moradia", disse a dona de casa Jaqueline Alves.
O operador de máquinas Vagner da Silva falou que as famílias estão tentando encontrar um lugar para morar. "A gente já tem cadastro. Mas eles tavam fazendo cadastramento do pessoal na pousada, chegamos lá e eles falaram que não iam receber a gente. A gente voltou e estamos esperando uma decisão", reclamou.
O auxiliar de inspeção Edson Oliveira dos Santos falou sobre a situação dele e de outras famílias. "Eles deram um abrigo no Castelão para o pessoal dos predinhos e quem estava nas casas sobrepostas veio para cá. Eles falaram que a CDHU ia arrumar um lugar para a gente poder ficar e arrumou para algumas pessoas e as outras ficaram aqui. Nós não podemos entrar no ginásio porque estávamos nas casas sobrepostas", disse.
O carpinteiro Dejailton de Mendonça passou a noite com os quatro filhos e a esposa em frente a prefeitura. "É muito humilhante. Mas estamos na mão de Deus", falou. A dona de casa Júlia Bento, que está grávida de 6 meses, preparou o jantar para os desabrigados. "Estou tentando ajudar a tirar a fome de todo mundo, porque está todo mundo sem comer desde cedo, as crianças também. Já tomamos chuva, um rapaz trouxe água pra gente, outros trouxeram um colchão. Fomos colocando primeiro as crianças e depois os mais velhos. Agora estou fazendo um pouco de macarrão para todo mundo", contou Júlia.
Eles dizem que não sairão do local enquanto a Prefeitura de Cubatão não encontrar um lugar adequado para servir como moradia. As familias estão cadastradas para receber o auxílio aluguel de R$ 400 mas alegam que ainda não receberam a quantia ou que o valor é muito baixo. Outras não estão cadastradas e serão encaminhadas a projetos sociais.
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