10/03/2013

O que resta da primavera árabe


MUNDO
Fórum Social Mundial
Texto António Carlos Ferreira, missionário comboniano | Foto DR | 10/03/2013 | 12:03
O Fórum Social Mundial (FSM) deste ano vai realizar-se pela primeira vez num país árabe, a Tunísia. O encontro reunirá movimentos sociais e ativistas cívicos que protagonizaram a primavera árabe de 2011
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Sob o lema “outro mundo é possível”, o FSM que irá decorrer de 26 a 30 de março em Tunes, na Tunísia, quererá ser uma caixa de ressonância de todos os sucessos e falhanços alcançados em países do norte de África e Magrebe graças às profundas transformações sociais e políticas aí ocorridas há dois anos. 

“O mundo árabe é o novo centro dos movimentos sociais”, disse Marwen Talbi, um jovem ativista social tunisino, que está a dinamizar outras regiões da Tunísia para não ficarem à margem do evento, nomeadamente através da organização de caravanas de ciclistas, numa tentativa de divulgar notícias sobre o FSM por todo o país. «O FSM deve ser uma oportunidade para as pessoas mudarem as suas vidas. Queremos estimular especialmente os jovens, que têm a revolução ainda fresca nas suas mentes, para que sejam ativos e façam coisas positivas para as suas próprias comunidades”, afirmou.

Num espaço livre, de reflexão, debate e partilha de ideias e ações na procura de sistemas alternativos de vida, económicos e sociais, o encontro internacional de Tunes reunirá ativistas cívicos, membros de organizações cívicas e religiosas oriundos de todo o mundo. O seu propósito é o de apoiar as reformas atualmente em curso nos países árabes, abrindo as suas sociedades a uma maior participação democrática, liberdade de expressão e justiça social. 
Passados dois anos do terramoto político e social que abalou os fundamentos de regimes ditatoriais no mundo árabe, levando inclusive à deposição de quatro governos, a instabilidade e incerteza persistem nesses países. Os jovens que foram os protagonistas da “primavera árabe” vieram de novo para as ruas do Cairo (Egito) e Tunes para mostrar a sua insatisfação. Protestam contra a lentidão das reformas prometidas e por continuarem sem oportunidades de emprego. Há a possibilidade duma repetição das revoluções e levantamentos populares de 2011. 

Organizado pela primeira vez em 2001, em Porto Alegre, no Brasil, e depois em outros países, o FSM é o principal evento mundial que congrega as mais variadas forças sociais. Atrai uma média de 100 mil pessoas de todo o mundo. Os espaços de diálogo compartilhados no Fórum permitem a reflexão e a discussão sobre a possibilidade de um mundo diferente daquele preconizado pelos defensores da globalização e do neoliberalismo.

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