Mundo
Texto Opinião | Teresa Carvalho | Foto Hugo Lami | 14/04/2013 | 10:10
Nelson conseguiu: o pai e a mãe aceitaram vir à sua festa de final de curso! Radiante, reservou uma das mesas do salão com o nome da família
IMAGEM
Nelson sente que nem que fosse apenas por este momento, o curso teria valido o esforço. Sente-se o rapaz mais feliz da turma! Há um mês atrás, o estado de espírito era bem diferente: quando lhe pediram a lista dos convidados para a festa, percorreu-o uma imensa mágoa, antevendo zangas que não dependiam dele resolver. Claro que convidaria a mãe … E o pai também! Mas, que aconteceria quando se encontrassem? E se o pai trouxesse a Ana, a sua namorada, e a mãe o Paulo? Seria sensato convidá-los também ou pedir-lhes que não viessem?
Decidiu-se por fazer aquilo que considerava ser o mais correto, apesar de parecer «loucura». «Tenho de tentar!» – dizia Nelson para si mesmo. Não foi a determinação da mãe que os libertou do pesadelo em que viviam? Não foi por insistir nas visitas aos avós e aos tios paternos e maternos, que o silêncio zangado entre as duas famílias foi sendo superado?
«Tentar para alcançar» era uma das grandes lições que aprendera nos últimos anos.
Embalado na sua determinação, Nelson sonhou a sua festa como o momento de reconquista da comunicação entre o pai e a mãe; mas agora com respeito mútuo pelas decisões de vida que cada um assumira. E, sonhava ainda, que seria o início de uma presença habitual de ambos nos acontecimentos importantes da vida dos filhos. Isso seria
«o máximo!» Parecia-lhe que isso lhe bastava para ser feliz!
Decidido a tentar tudo, Nelson chegou a casa e esperou que todos se sentassem à mesa para o jantar. Fez o ar mais teatral que conseguia e pegando num papel enrolado em forma de pergaminho, declarou: – Mãe, Paulo, «miúdos»! Hoje trago-vos uma grande notícia: Todos os aqui presentes são convidados do grande finalista de curso, Nelson de Andrade, num dos momentos solenes da sua vida. Ficam também informados que da lista de convidados fazem ainda parte o pai do festeiro, o senhor Timóteo, e a sua namorada Ana. Por favor, não faltem! Como resposta, um grande silêncio e trocas de olhares confusos. Depois, só a algazarra das crianças.
Nos dias seguintes, Nelson visitou o pai e fez o mesmo discurso. Ele resmungou umas desculpas e deixou a dúvida a pairar. Seria um bom sinal? Desde há um ano que Nelson tentava entender o pai. Deixara de culpá-lo ou de julgá-lo. Sentia que neste último ano ele e o pai se aproximaram mais do que ao longo dos 14 anos que viveram em conjunto. Aos poucos as feridas estavam a ser reparadas.
No dia da festa, todos estavam presentes. Três anos de silêncio e afastamento entre Timóteo e Leonor pareciam esquecidos naquela Eucaristia de fim de curso. No meio dos estudantes de capa preta, um finalista agradecia de coração cheio. Agradecia a presença pacífica do pai e da mãe. Agradecia poderem experimentar a felicidade desta sua conquista. Agradecia ter podido abrir o caminho de encontro. Só falta agora percorrê-lo e será bem mais fácil se feito de alianças. Nelson merece-as. Todos precisam! Todos podem!
Decidiu-se por fazer aquilo que considerava ser o mais correto, apesar de parecer «loucura». «Tenho de tentar!» – dizia Nelson para si mesmo. Não foi a determinação da mãe que os libertou do pesadelo em que viviam? Não foi por insistir nas visitas aos avós e aos tios paternos e maternos, que o silêncio zangado entre as duas famílias foi sendo superado?
«Tentar para alcançar» era uma das grandes lições que aprendera nos últimos anos.
Embalado na sua determinação, Nelson sonhou a sua festa como o momento de reconquista da comunicação entre o pai e a mãe; mas agora com respeito mútuo pelas decisões de vida que cada um assumira. E, sonhava ainda, que seria o início de uma presença habitual de ambos nos acontecimentos importantes da vida dos filhos. Isso seria
«o máximo!» Parecia-lhe que isso lhe bastava para ser feliz!
Decidido a tentar tudo, Nelson chegou a casa e esperou que todos se sentassem à mesa para o jantar. Fez o ar mais teatral que conseguia e pegando num papel enrolado em forma de pergaminho, declarou: – Mãe, Paulo, «miúdos»! Hoje trago-vos uma grande notícia: Todos os aqui presentes são convidados do grande finalista de curso, Nelson de Andrade, num dos momentos solenes da sua vida. Ficam também informados que da lista de convidados fazem ainda parte o pai do festeiro, o senhor Timóteo, e a sua namorada Ana. Por favor, não faltem! Como resposta, um grande silêncio e trocas de olhares confusos. Depois, só a algazarra das crianças.
Nos dias seguintes, Nelson visitou o pai e fez o mesmo discurso. Ele resmungou umas desculpas e deixou a dúvida a pairar. Seria um bom sinal? Desde há um ano que Nelson tentava entender o pai. Deixara de culpá-lo ou de julgá-lo. Sentia que neste último ano ele e o pai se aproximaram mais do que ao longo dos 14 anos que viveram em conjunto. Aos poucos as feridas estavam a ser reparadas.
No dia da festa, todos estavam presentes. Três anos de silêncio e afastamento entre Timóteo e Leonor pareciam esquecidos naquela Eucaristia de fim de curso. No meio dos estudantes de capa preta, um finalista agradecia de coração cheio. Agradecia a presença pacífica do pai e da mãe. Agradecia poderem experimentar a felicidade desta sua conquista. Agradecia ter podido abrir o caminho de encontro. Só falta agora percorrê-lo e será bem mais fácil se feito de alianças. Nelson merece-as. Todos precisam! Todos podem!
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