12/04/2013

Quem veio de longe conta porque adotou a cidade iluminada pelo sol tropical

Fortaleza, cidade banhada de sol, recebe pessoas de outros estados brasileiros e países que vêm a passeio, a trabalho e ou estudo. Algumas acabam adotando a capital cearense e vivem  integrados como se tivessem nascido aqui. Como fortalezenses de coração, enxergam belezas e tristezas.  Buscam demonstrar o amor pela cidade das mais diversas maneiras e, como se fossem filhos da terra, desejam melhorias para a “Loura desposada do Sol”. Conheça alguns “fortalezenses” que vieram de longe.
 
Novo desafio
 
O professor universitário Alejandro Sepúlveda, natural de Santiago do Chile, vive há 10 anos em Fortaleza. Mora atualmente no bairro Engenheiro Luciano Cavalcante. Veio para dar uma palestra em uma universidade local e acabou aceitando o convite para assumir a coordenação de um curso de Jornalismo. “Como era um desafio novo, aceitei”, conta. Para ele, a cidade encanta por seu “povo acolhedor e o clima ameno”. Mas decepciona por questões como “ violência e sujeira”.
 
O Prof. Alejando considera que, embora não seja um problema exclusivo de Fortaleza, é visível a falta de cuidado com espaço público por parte dos habitantes. Quanto a ele, é respeitando as leis do trânsito e não jogando lixo nas ruas que demonstra civilidade e amor pela cidade.
 
Destino
 
A empresária Helena Baioco (foto na página inicial), de família italiana, nasceu em Ibiraçu no Espírito Santo, e há 23 anos mora em Fortaleza. “Foi o destino. Meu sonho era conhecer Fortaleza e quando vim, em maio de 1990, conheci meu futuro marido. Em dezembro do mesmo ano vim para ficar”, conta.
 
Ela diz que ama cada pedaço da cidade. “O que mais me encanta é o Passeio Público. O espaço me remete a um passado, onde casais de namorados apreciavam o mar que despontava à sua frente, completando um cenário de muito romantismo e natureza exuberante. sem os arranhas-ceus  de hoje”. Outro local que adora ir é o Teatro José de Alencar. “É uma relíquia que devemos conservar”, diz.
 
Helena se entristece com o modelo de progresso que produz violência. Lamenta “não poder fazer passeios a beira mar, no fim da tarde,  sem  a preocupação de ser assaltada”. Ela fica desapontada também pelo trânsito caótico, no qual ciclistas não podem mais trafegar, e por saber que Fortaleza é rota para o turismo sexual.
 
Integrada à cidade, Helena zela pela sua conservação, diante de tanto descuido que observa. “Uma ocasião fizemos uma dinâmica, coordenada pela diretora de teatro, atriz e bailarina Sílvia Moura, que consistia em recolher lixo da rua. Saímos do Teatro José de Alencar até o Dragão do Mar recolhendo lixo. Fiquei impressionada com a quantidade de descartáveis jogados na rua. Inadimíssivel”, protesta. Como empresária e cidadã, afirma: “Bem , se ofertar alguns empregos for uma forma de ajudar  a cidade , é isso que faço.”
 
Em defesa do meio ambiente
 
Jornalista, editor de livros, ambientalista, Ademir Costa, da coordenação do Movimento Proparque, demonstra como poucos o amor por Fortaleza. Seu nome está ligado à defesa das áreas verdes da capital. Há 39 anos, deixou Caxias, cidade do Maranhão - “onde nasceu também o poeta Gonçalves Dias, aquele da Canção do Exílio: "Minha terra tem palmeiras..." – para estudar aqui. “Meu pai fazia as melhores referências à cidade. Fiz Filosofia e depois Comunicação Social. Criei raízes”, explica.
 
Para Ademir, é encantador sentir “a clareza do céu decorrente do sol maravilhoso e o permanente ‘vento que balança a palha do coqueiro, vento que encrespa as ondas do mar...’”. Fica decepcionado,  com a “terrível mania de fortalezenses ou não destruírem a memória da cidade, como a quererem apagar sua própria cultura, pondo abaixo prédios que falam de seus filhos, de sua origem, de seu passado, como a casa onde nasceu o maior cearense de todos os tempos, Hélder Câmara”.
 
Como defensor de um meio ambiente saudável para todos, Ademir demonstra amor pela cidade de forma bem efetiva: participou do Movimento SOS Lagoa da Maraponga, que ajudou a salvá-la diante da crescente especulação imobiliária, e atua no Movimento Proparque, coordenado pela cearense de Canindé, Luísa Vaz, revisora e ambientalista de primeira linha.  O Proparque tem como meta “melhorar mais e mais a área verde conhecida como Parque Rio Branco”.
   
Estudo além-mar
 
Nascido em Bissau, capital da Guiné-Bissau, no continente africano, o universitário  D'Mari Sanca (foto) veio para Fortaleza como participante do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), do Ministério da Educação. Sua ideia inicial era ir para João Pessoa ou Natal. Conta que nunca tinha ouvido falar de Fortaleza nem do Ceará. Quando foi selecionado para cursar Ciências Biológicas na Universidade Estadual do Ceará (UECE), fez uma busca por Fortaleza no Google e viu “imagens lindas da Aldeota”.
 
Qual não foi sua surpresa ao sair do aeroporto em direção à casa de amigos que já residiam aqui, no outro extremo da cidade, no bairro Antonio Bezerra. “O táxi me levou por ruas bem diferentes. Passei por favelas e não estava entendendo nada”, lembra.  Está há quatro anos na capital e, além de estudar, trabalha na Uece. Hoje, morando perto daquela universidade, no Itaperi e lembra sorrindo da primeira impressão da cidade, da qual aprendeu a gostar. “A simplicidade das pessoas” foi algo que o encantou de cara.  Ele acha o povo alegre diz que é difícil ver alguém “com raiva” por aqui.
 
D'Mari Sanca tem como programa preferido passear pela cidade, tirar fotos e enviar para amigos além-mar. Mas não gosta da violência que assusta visitantes e moradores de Fortaleza. Considera que a relação dos habitantes nativos com a cidade é muito diversificada. “Alguns conservam o patrimônio outros não”, diz. 
 
Andando pela cidade
 
A professora Ute Hermanns nasceu em Detmold, Renânia do Norte, na Alemanha, e de lá foi morar em Berlim.  Desde 2010, passou a viver em Fortaleza, onde é Professora Visitante Leitora do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD) na Universidade Federal do Ceará e Coordenadora Cultural da Casa de Cultura Alemã, também na UFC. Veio para a capital cearense ao participar do participou do edital do leitorado do DAAD da UFC que incluía tradução/ trabalho cultural, combinando com os seus interesses.  “Além disso, queria conhecer o Ceará, estado que desconhecia para poder conhecer algo diferente.”
 
Entre os pontos que a encantam em nossa cidade cita “o sol, as árvores, a presença do mar, o Passeio Público, o Teatro José de Alencar, o interesse na cultura alemã, os meus estudantes e amigos”. Mas fica decepcionada com o “lixo, o transito, a poluição visual (publicidade), a falta de memória em relação à preservação do Patrimônio Histórico.” Para ela, é de lamentar também “a aceitação do ‘moderno’ tanto no trânsito por uma veneração de carros, motos e edifícios com arame farpado e aqueles motoristas de táxi que não conhecem a própria cidade.”
 
É tentando andar a pé, usando meios de transporte público (táxi, ônibus) “para não participar deste trânsito complicado” que ela demonstra amor pela cidade. “ Também tento conhecê-la, andando. Não jogo lixo fora, levo o lixo para a minha casa se não encontrar lixeira na rua.”
 
Com gestos de incivilidade que vê por aqui, conclui que “os filhos naturais não curtem muito a cidade, senão seria outra”. No relacionamento da população com Fortaleza ela destaca também: “As pessoas não andam na rua, não consideram o espaço urbano com algo que pertence a todos. Rege o medo e o preconceito de que a cidade é perigosa e que não se pode andar na rua.”
 
Brasileiro-francês
 
O chefe de cozinha André Ligeon trocou Lyon, capital da gastronomia da França, por Fortaleza em 1983. "Eu escolhi Fortaleza porque está próxima à linha do Equador e tem o mesmo clima durante todo o ano" revela. André diz que ama "o sol, a praia e as pessoas" e sua decepção é ver que Fortaleza "não é uma cidade limpa".
 
Dono do restaurante Chez André, na Rua Dom Joaquim, próximo ao pólo de compras da Avenida Monsenhor Tabosa, ele vive a cidade com amor. "Tenho uma família muito agradável e muito bom contato com meus clientes". Por sua afinidade com a capital do Ceará, afirma "Eu me sinto mais brasileiro que francês".
 
Fonte: Agência da Boa Notícia
Última atualização: 12/04/2013 às 09:20:48

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