12/05/2013

Menino da etnia Cinta Larga escapou da morte e foi adotado por mulher, que diz 'é meu presente'

Mãe relata que o convívio com o filho especial a tornou mais serena e forte.

Dhiego MaiaDo G1 MT

Mãe e filho índio cinta larga adotado em Cuiabá. [1] (Foto: Dhiego Maia/G1)Mãe e filho índio cinta larga adotado em Cuiabá. (Foto: Dhiego Maia/G1)
Uma adoção mudou o rumo de uma família em Cuiabá e de um bebê indígena que estava fadado desde as primeiras horas de vida a ser sacrificado por ter nascido com Síndrome de Down. Quando se lembra do esforço que precisou ter para ser mãe adotiva do pequeno Antônio, hoje com sete anos, a psicopedagoga Beatriz Mello, de 56 anos, diz que faria tudo de novo só para ter a chance de salvar a vida do filho que é da etnia Cinta Larga.
“Foi uma escolha muito forte. Até pela minha formação eu sempre desejei ser mãe de uma criança com down. Eu fiz dar espaço para isso e recebi o meu maior presente, um ‘pacotinho especial’ que me dá alegria diariamente”, diz Mello.
Mãe e filho índio cinta larga adotado em Cuiabá. [3] (Foto: Dhiego Maia/G1)Antônio vive com a mãe adotiva em Cuiabá. (Foto:
Dhiego Maia/G1)
O ‘pacotinho especial’ de Beatriz vem ao longo dos anos contrariando as previsões médicas mais pessimistas. Além de ser down, Antônio é surdo e, por consequência, não fala e tem respiração limitada devido a um problema pulmonar grave. Há um ano, ele recebeu um implante de um aparelho no ouvido e já começa a reproduzir na fala os sons que ouve. Beatriz contou à reportagem que se emocionou quando observou o filho se esforçando para falar a palavra mamãe.
“Ele falou ma, ma, ma. Foi uma emoção muito grande”, recorda.
Superação
Os quatro primeiros anos de vida do garoto não foram fáceis. Antônio passava meses internado. Beatriz diz que o esforço, na época, era para mantê-lo vivo. Ela se emociona quando recorda do momento mais difícil quando pensou que Antônio não sobreviveria a mais um período no hospital. Em Maceió, a capital de Alagoas, o rim e o fígado de Antônio entraram em colapso.
“Eu disse bem próxima ao ouvido dele que se ele tivesse que nos deixar, a passagem dele seria iluminada. Mas que se ele quisesse ficar com a gente, ele receberia muito amor”, afirma.
Recebi o meu maior presente, um ‘pacotinho especial’ que me dá alegria diariamente
Beatriz Mello, mãe adotiva
Antônio saiu do coma e, um mês depois, deixou o hospital. “Ele optou pela vida sempre sorrindo, com bom humor. Meu filho é um guerreiro”, completa Beatriz.
Mãe de outras três filhas, a psicopedagoga conheceu a história do bebê que se tornaria o filho caçula dela por meio de uma reportagem exibida em 2005 pela TV Centro América, afiliada da Rede Globo em Mato Grosso. À época, Antônio estava debilitado e precisava fazer uma cirurgia. Ele era o 12º filho de um casal de índios que vivia em uma aldeia localizada na zona rural de Aripuanã, cidade distante a 976 quilômetros de Cuiabá.
A mãe biológica do garoto temendo que o filho pudesse ser sacrificado por conta da deficiência contrariou a tradição e entregou o menino para a Fundação Nacional do Índio (Funai). “Essa mulher foi muito corajosa porque ela sabia que se ele ficasse por lá não sobreviveria até pelas condições da aldeia que não tinha nem energia elétrica”, revela Beatriz.
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Mãe e filho índio cinta larga adotado em Cuiabá. [2] (Foto: Dhiego Maia/G1)Menino era o 12º filho de um casal indígena na cidade de Aripuanã. (Foto: Dhiego Maia/G1)

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