
Na introdução (ou “Galope de apresentação”), Fornari convida: “Pule para a garupa e cavalgue conosco!”. ÉPOCA subiu na garupa. É um trote de 501 páginas, editado em papel especial pelo Senado da República. O Senado? “O Conselho Editorial do Senado sente-se honrado de poder patrocinar volume tão singular”, diz a contracapa do livro. Pouca gente sabe, mas o Senado, embora não esteja produzindo muitas leis, deu para produzir muitos livros: são cerca de 70 mil acumulando poeira num depósito em Brasília. Há toda sorte de títulos ali, para promover senadores e fazer agrados a amigos da Casa.
Fornari, o autor do compêndio de equinos, é parceiro de Joaquim Campelo, funcionário que manda no Conselho Editorial do Senado e determina que obras serão publicadas. A ex-mulher de Campelo assinou as gravuras de cavalinhos que ilustram o dicionário de Fornari. Ganhou R$ 22 mil pelo serviço, mais que o próprio autor do livro. “Publicamos lixo editorial”, afirma Carlyle Madruga, funcionário do Senado e integrante do Conselho Editorial. “Se tivesse participado de uma reunião para discutir esse livro, teria me manifestado contra.” Outro conselheiro, o diplomata Carlos Henrique Cardim, diz nem ter sido informado sobre a publicação do livro.
O Senado não informa quanto gastou para publicar o dicionário. Diz apenas que o livro de Fornari “é uma referência importante”. Fornari ainda afirma: “Estou trabalhando numa segunda edição. Mas quero uma editora particular, porque tem mais amplitude”. O final do dicionário oferece uma página em branco para que os leitores colaborem com a obra. “Sempre há lugar no pasto para novos potros”, diz o texto. Como informa um dos adágios do dicionário: de alguns equinos, só se espera o coice.
Revista Época
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