O cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, consagrou hoje em Fátima o pontificado do Papa à Virgem Maria, respondendo a um pedido do mesmo, e disse que Francisco vai enfrentar “provações” no seu ministério.
“Dai-lhe o dom do discernimento para saber identificar os caminhos da renovação da Igreja; dai-lhe coragem para não hesitar em seguir os caminhos sugeridos pelo Espírito Santo; amparai-o nas horas duras de sofrimento, a vencer, na caridade, as provações que a renovação da Igreja lhe trará”, referia a oração dirigida pelo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) à Senhora de Fátima, no final da peregrinação internacional aniversária de maio.
D. José Policarpo, um dos cardeais que participou na eleição do sucessor de Francisco, recordou que três dos últimos Papas (Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI) visitaram a Cova da Iria.
“Só vós, Senhora, no vosso amor maternal a toda a Igreja, podeis pôr no coração do Papa Francisco o desejo de ser peregrino deste Santuário. Não é algo que se lhe possa pedir por outras razões”, frisou.
O patriarca de Lisboa realçou que “só a cumplicidade silenciosa” entre a Virgem Maria e o Papa pode fazer que estes se sinta “atraído por esta peregrinação na certeza de que será acompanhado por milhões de crentes”.
“Aqui, neste altar do mundo, ele poderá abençoar a humanidade, fazer sentir ao mundo de hoje que Deus ama todos os homens e mulheres do nosso tempo, que a Igreja os ama e que vós, Mãe do Redentor, os conduzis com ternura aos caminhos da salvação”, acrescentou.
O presidente da CEP destacou que os caminhos de renovação da Igreja levam a “redescobrir a atualidade” da mensagem de Fátima, “a exigência da conversão a Deus que tem sido tão ofendido, porque tão esquecido”.
“A humanidade contemporânea precisa de sentir-se amada, por Deus e pela Igreja. Só sentindo-se amada vencerá a tentação da violência, do materialismo, do esquecimento de Deus, da perda do rumo que a conduzirá a um mundo novo, onde o amor reinará”, precisou.
Neste contexto, D. José Policarpo sustentou que a Igreja tem de afirmar-se como “lugar da conversão e do perdão, porque nela a verdade exprime-se sempre na caridade”.
“Assim vos consagramos Senhora, vós que sois Mãe da Igreja, o ministério do novo Papa: enchei o seu coração da ternura de Deus, que vós experimentastes como ninguém, para que ele possa abraçar todos os homens e mulheres deste tempo com o amor do vosso Filho Jesus Cristo”, declarou.
O cardeal-patriarca recordou o anterior Papa, Bento XVI, “que escolheu o caminho do orante silencioso, desafiando a Igreja para os caminhos da oração”.
O gesto foi sublinhado com uma salva de palmas dos peregrinos presentes na Cova da Iria.
Após o momento de consagração do pontificado, no final da missa, o bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, leu uma mensagem endereçada pela Nunciatura Apostólica em Portugal.
“O Santo Padre manifestou o seu agrado pela iniciativa e profundo reconhecimento pela satisfação do seu desejo em união de oração com todos os peregrinos de Fátima, aos quais, de coração, concede a bênção apostólica propiciadora de todos os bens”, referia o texto.
OC
Agência Ecclesia
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