Padre Geovane
Saraiva*
Na Semana do
Meio Ambiente é importante recordar a Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável, que ficou conhecida também como Rio+20, realizada
entre os dias 13 e 22 de junho de 2012, na cidade Rio de Janeiro, considerado o
maior evento já realizado, cujo objetivo foi
discutir a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável.
Vivemos em uma
terra, com tudo que ela contém, ainda marcada pelo sofrimento, gemendo com as
dores do parto (cf. Rm 8, 22), pela destruição e saque, fruto do capricho, da
ação fútil e inconsequente do homem. Daí o desafio de não só pensar e refletir
sobre essa triste realidade, mas decididamente em nome de Deus, a descruzar os
braços e fazer a nossa parte.
O Papa Francisco
na missa inaugural de seu pontificado,
aos 19 de março de 2013, disse que o verdadeiro poder de um Papa é o
"serviço humilde, concreto e rico de fé" e que "não devemos
temer a bondade e a ternura". Também falou sobre a necessidade de
"respeitar o meio ambiente em que vivemos e todas as criaturas de Deus.
Isso significa proteger as pessoas, e demonstrar que nos importamos com cada um
de nós, especialmente as crianças, os velhos, os necessitados, que muitas vezes
são os últimos em quem
pensamos".
pensamos".
Hoje, mais do
que nunca, temos que reconhecer a forte presença de Deus, na vida existente no
planeta, vida muitas vezes não valorizada e mal cuidada, extremamente
comprometida. Deus quer abrir a nossa mente e coração diante dos gritos, dores
e gemidos da terra, grande casa e mãe, onde se encontram: “rios e mares, antes
gigantescos úteros de vida, que vêm sendo esterilizados pela poluição
industrial, esgotos, sujeira produzida pelo ser humano. Esquece-se que a água,
fonte de vida, transforma-se facilmente em uma das piores fontes de morte, ao
transmitir doença. Por ela navegam germes de morte até os confins da terra”
(Pe. J. B. Libânio).
Temos o orgulho
de possuir, no nosso querido Brasil, a maior floresta tropical e a maior
biodiversidade do mundo. Entretanto, toda essa riqueza está ameaçada pela
destruição da floresta e de outros ecossistemas, por grandes projetos, pela
expansão de monoculturas da soja e da cana de açúcar e pelo crescimento da agroindústria
ou agronegócio, de um modo pedratório.
O mundo deveria
ser uma casa pródiga, a oferecer a criatura humana, e aos demais seres vivos da
terra, todas as condições: crescimento, sobrevivência e plena realização. Um
mundo harmonioso, em que todos vivessem de acordo com a vontade do seu Criador
e Pai. Para nós que temos fé, a Sagrada Escritura, nos leva a louvar a grandeza
e a bondade de Deus, Senhor de um mundo tão rico, vasto e belo. Os livros dos
Provérbios e da Sabedoria exaltam grandeza do próprio Deus, presente e oculto
nas maravilhas da natureza (cf. Pr 8, 22-31; Sb 13, 1-3). Mas a exploração
desenfreada e gananciosa que o homem realiza, nas suas ações, no que diz
respeito às madeireiras, mineradoras, fazendas e grandes empresas
transnacionais, é de fato para destruir todo esse patrimônio, que é de toda a
humanidade, que é desafiada a proteger e conservar.
Sabemos e temos
consciência de que a obra de Deus é uma “casa” maravilhosa, cheia de beleza e
providência, prodígio divino, que devemos contemplar e louvar. “E Deus viu que
tudo que tinha feito era muito bom” (Gn 1,10). Face à gravidade de toda
realidade ecológica, na sua crescente devastação, nasce uma indignação ética, tendo
sua origem na luta contra a poluição do ar e da água. Urge pensar na criação,
com uma nova mentalidade espiritual, que se segure e tenha seu fundamento no
Evangelho e na pessoa de Jesus Cristo.
Ao mesmo tempo
em que estamos abertos ao diálogo, indo ao encontro do Sagrado, em todas as
suas expressões ou confissões que revelam e manifestam o sentido da
transcendência, na religiosidade de todas as raças e de todos os povos da
terra. Temos consciência que nos dias de hoje, o nosso modo de evangelizar deve
ser o do consenso, de que todas as raças, culturas e religiões devem ser
respeitadas e valorizadas. Eis que somos chamados a responder esses grandes
desafios através da nossa fé no Deus único e verdadeiro.
*Padre da
Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras
de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e
Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso.
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