21/05/2013

"Se me demitisse, seria uma fuga", afirma Bachar Al-Assad

Le Monde
Na primeira entrevista sobre o conflito, o presidente da Síria Bachar Al-Assad nega a acusação sobre o uso de armas químicas contra os rebeldes. Ele está convencido que essas notícias têm o sentido de estimular a opinião pública para uma intervenção militar contra seu governo.
A entrevista foi dada a duas publicações argentinas, Telam e Clarin, no dia 18 de maio. Os jornalistas afirmam que os originais da entrevista foram confiscados.
Damasco está pronta para acolher a comissão de estudo e de informação da ONU . "Dizem que nós utilizamos armas químicas contra os rebeldes em zonas residenciais. Se tivessem sido utilizadas numa cidade ou periferia com apenas um balanço de 20 mortos seria credível? Questionou o presidente. Se fossem utilizadas, haveria milhares de mortos em poucos minutos. Quem poderia esconder um desastre desses?", insistiu Assad.
Quarta-feira, um alto funcionário americano tinha afirmado que as armas químicas tinham sido utilizadas "em pequenas quantidades", em dois lugares. Isto poucos dias depois que o Secretário de Estado John Kerry declarou que os Estados Unidos estavam buscando uma "prova concreta" sobre a utilização das armas químicas.
De fato na quinta-feira, o Secretário das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, fez um apelo para que Damasco autorizasse os especialistas da ONU a conferir se teriam ou não sido utilizadas as armas químicas contra os rebeldes.
Assad questionou as informações dadas por organizações de direitos humanos, negando sua credibilidade. Segundo a observatório sírio de Direitos Humanos, em dois anos de guerra, os mortos já teriam alcançado o número de 94 mil. Mas a mesma organização diz que esse número não é absolutamente certo. O que se sabe é que "há milhares de mortos". "Também não podemos esquecer que há milhares de estrangeiros unidos aos rebeldes que também são culpados pela morte de muitos sírios; é verdade que existe o terrorismo local, mas uma parte vem do exterior", afirma o presidente.
Interrogado sobre a proposta do Secretário americano para que Assad se demita, ele exclui essa possibilidade em absoluto. E acrescentou: "demitir-me seria uma fuga. Eu não sei se Kerry ou outro recebeu do povo sírio a autorização de falar em nome dele, para dizer quem deve ficar ou ir embora. É o povo sírio que deve dizer quem deve sair ou ficar, quando tivermos a eleição presidencial em 2014".
Americanos e russos exigem a retirada do presidente. O presidente disse concordar com "o encontro" entre a Rússia e os Estados Unidos, embora duvide sobre seus resultados. Eles se reuniram para propor um acordo, em busca de uma solução política para o conflito, entre rebeldes e o regime partindo de uma conferência internacional sobre a situação o mais "rápido possível". "Nós gostamos da aproximação entre americanos e russos e concordamos com a realização dessa conferência para ajudar a solucionar a crise" diz Assad, segundo o Clarin.
Paris também discorda da organização da conferência internacional antes da saída de Assad. Neste ponto se concentra a concordância das leituras que se fazem sobre o conflito. Cada país tem seus interesses e seus acordos particulares, mas neste ponto estão de acordo.
tradução de Joaquim Gonçalves, Revista Missões.

Fonte: www.lemonde.fr

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