Para aqueles que honestamente procuram a solução para as várias crises que oprimem a nossa gente, o salmo responsorial deste domingo, 23 de junho, bem como as três leituras, dão-nos boas pistas humano-divinas. Quer dizer, pistas que o bom senso em cada um de nós pode atingir, e pistas que nos vêm d’Aquele que nos desenhou e nos criou, e continuamente segue o caminho da nossa existência: o Deus da vida.
O ser humano é composto de dois elementos fundamentais: o corpo e a alma. Ambos precisam de atenção e cuidados. Fundamentalmente, o corpo precisa de alimento, de descanso e de exercício: quando falha uma destas atividades, pode começar a definhar a saúde. A alma é o princípio vital espiritual em que residem essencialmente a inteligência, o sentimento e a vontade-capacidade de tomar decisões. Sendo estes dois princípios fundamentais, é preciso cuidarmos dos dois adequadamente, senão pode a nossa vida entrar num desequilíbrio destruidor da nossa paz e serenidade interiores. Neste sentido, podemos agora dar uma olhadela ao que nos diz o salmo responsorial de domingo.
Primeiro: «Quero contemplar-vos no santuário». É uma promessa feita ao criador-salvador, promessa fundada na sede natural de contemplar aquele de quem recebemos a vida. Sendo o homem uma criatura e um animal social, o cristão, e todo o ser humano, deve viver uma relação com o seu Criador, e deve fazê-lo também como membro da comunidade que Deus estabeleceu («Deus tem sede que dele tenhamos sede»). Na Palavra de Deus encontram-se, abertamente ou em estado ‘de semente’, os princípios que devem reger a vida da sociedade. A humanidade é uma comunidade de corpo-espírito e como tal deve viver – ou morrer. A prática da religião não é um suplemento facultativo, é um princípio inato que no homem o Criador semeou.
Segundo: «Para ver a vossa força e a vossa glória». Para a ver não só no santuário, mas no santuário receber a energia para ver essa força do Criador nas várias situações da vida individual e comunitária. Interiorizar o que é material é apanágio do ser inteligente. O ser humano no seu todo só na sua comunhão com Deus apaga a sua ânsia de realização plena.
Terceiro: «O vosso amor é melhor do que a vida». O amor de Deus, amor de Deus recebido e a Deus dado, dá sabor à vida humana: «Saboreai e vede como é bom o Senhor!», como devemos cantar com as várias atividades diárias.
Quarto: «Brota dos meus lábios o vosso louvor». Sem exteriorizar a vocação divina do ser humano, podem o indivíduo e a sociedade cair na prática sanguessuga de beber o sangue da felicidade dos outros numa vida de egoísmo e de opressão dos mais pobres. Líderes, alguns deles, que mais se preocupam em construir para si próprios ninhos de pérolas e ouro do que da felicidade do povo que devem servir: esses, diz o mesmo salmo (v. 11), «tornar-se-ão pasto dos chacais» da destruição do equilíbrio vital. Mas permanece sempre viva a promessa do Senhor de «derramar sobre nós um espírito de benevolência e de súplica».
Fátima Missionária
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