O cérebro e a pele mostram incisiva interação ao se tratar de doenças nessas áreas. Geralmente, ambas estão associadas, como é o caso das dermatoses. A pele responde estímulos e expressa sentimentos, por isso a subárea psicodermatologia abrange o paciente de forma integrada
As dores do corpo são o grito da nossa alma. A assertiva é geralmente considerada antes de diagnosticar e tratar doenças epiteliais. A pele é o maior órgão do corpo. Com um comprimento médio de 2 metros quadrados, ela transmite informações ao cérebro para que este exerça sua função, promove a ventilação e transpiração de odores, e elimina as toxinas corporais. Além disso, ela ainda tem a função de proteger o corpo de toda forma de agressão física ou microbiana.
Repleta de terminações nervosas, que correspondem a cerca de 700 mil, sua textura sensível e porosa nos possibilita sentir e interagir com o meio, além de memorizar experiências e emoções através da pele dos músculos, chamadas fáscias. Quando ela se encontra debilitada, os fatores são inúmeros e devem ser investigados por especialistas como dermatologista, psicólogo e psiquiatra. Tendo em vista esses aspectos, há uma subárea da dermatologia nomeada psicodermatologia.
Relação estreita
De acordo com o dermatologista Heitor Gonçalves, doutor em Farmacologia e diretor do Centro de Dermatologia Dona Libânia, um terço dos pacientes que possuem doenças da pele tem algum problema psicológico ou psiquiátrico associado a ela.
"Isso ocorre porque existe uma relação bilateral entre a pele e o cérebro. O sistema nervoso, o autônomo e o central, é influenciado por ela e, em contrapartida, a influencia também", explica.
No livro "Quando a boca cala, os órgãos falam", o psiquiatra Adalberto de Paula Barreto, professor do departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), esclarece que a pele saudável possui uma grande capacidade de cicatrização e de autocura.
"Esse poder de recicatrização ou de cancerização é muito presente. Feridas ocasionadas em contexto de grande sofrimento psíquico têm dificuldade de cicatrizar e, muitas vezes, evoluem para um câncer. A pele é um órgão de significado social, sobretudo em culturas que valorizam o toque", diz.
Diante dessa relação, as doenças de pele podem se manifestar de diversas formas. Por alguma circunstância, autoimagem ou agressões externas, que levam a alteração psicológica. "Por exemplo, se a doença compromete o caráter estético do indivíduo, que passa a ser discriminado por isso, pode gerar alterações comportamentais ou uma depressão", revela Heitor Gonçalves.
VICKY NÓBREGAESPECIAL PARA O VIDA
Diário do Nordeste
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