A comissão independente da Organização das Nações Unidas (ONU) para investigar o conflito na Síria confirmou nesta terça-feira (4) o uso de armas químicas no confronto tanto por agentes do governo quanto por integrantes da oposição. Presidida pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, a comissão ainda é composta pela norte-americana Karen Koning Abuzayd, pela suíça Carla del Ponte e pelo tailandês Vtit Muntarbhorn. Há 25 meses, a Síria vive uma crise que matou mais de 90 mil pessoas.
"Existem fundamentos razoáveis para acreditar que tenham sido usados agentes químicos como armas", diz o relatório. “[Mas] não é possível identificar os agentes exatos, os sistemas de distribuição ou os autores." De acordo com o documento, há denúncias de que tanto os agentes de segurança ligados ao governo quanto integrantes da oposição usem armas químicas. Os peritos suspeitam, entretanto, de que a maior parte dos casos envolva integrantes do governo.
"É possível que grupos armados antigovernamentais possam ter acesso e usem armas químicas. Mas não há provas claras de que esses grupos possuam esse tipo de arma ou os imprescindíveis sistemas de distribuição", diz o texto.
A comissão pediu ao governo de Bashar Al Assad que permita a entrada no país dos peritos designados pela ONU para investigar o uso de armas químicas. Para a comissão independente, o uso de agentes químicos é uma consequência dos novos níveis de "brutalidade" atingidos pelo conflito.
"As forças governamentais e as milícias que as apoiam atacaram e cercaram sistematicamente cidades em todo o país, fazendo dos civis reféns ao controlar a distribuição de comida, água, medicamentos e eletricidade." No relatório, a comissão afirma que os dois lados do conflito cometeram crimes de guerra e contra a humanidade.
Atualmente, um terço da população síria, 6,8 milhões de pessoas, precisa de ajuda para sobreviver. Desse total, 1,6 milhão vive como refugiado nos países vizinhos e 4,2 milhões sobrevivem como deslocados internos na Síria.
Revista Época
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