Atacante não dança em comemoração, mas tira espanhóis para bailar em atuação de gala na decisão contra parceiros do Barça e rivais do Real
Uma comemoração de gol pode falar mais do que um chute, um passe ou um carrinho. Neymar não dançou. Não foi “tois”, não quis “tchu” nem quis “tchá”. Neymar correu para os braços do povo. Neymar não sorriu. Neymar fez cara feia e falou palavrão. Neymar botou para fora a sensação de milhões, que sempre se orgulharam de serem os reis do futebol, mas tiveram de engolir os reis da tourada assumindo esse rótulo nos últimos anos.
Sem gracinhas, Neymar disse na vitória por 3 a 0 sobre a Espanha que esse é o Brasil, disse que aqui é o Brasil, e de quebra ainda se apresentou aos futuros companheiros do Barcelona e rivais do Real Madrid. Neymar bailou, sim, mas com a bola rolando. Pobre Arbeloa! Poderia ter acabado no Maracanã seu tormento, mas o clássico entre os principais clubes da Espanha vai colocar o jovem mais vezes em seu caminho.
O brasileiro entrou em campo como jogador que mais havia feito e sofrido faltas na Copa das Confederações. Cumprimentou seus novos parceiros Iniesta, Xavi e companhia. Mas, ao contrário do que havia acontecido em 2011, quando foi goleado pelo Barcelona no Mundial de Clubes e demonstrou encantamento por eles, agora foi só respeito. Em número de faltas, ele apanhou mais do que bateu - sofreu quatro e cometeu três. Com a bola rolando, bateu, bateu, bateu...
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Suas vítimas preferidas no primeiro tempo foram os merengues. O duelo com Arbeloa fez o espanhol ser líder em menções no Twitter de seu país. No contra-ataque, o único recurso do lateral para impedir que Neymar avançasse livre contra Casillas foi derrubá-lo no meio-campo e levar cartão amarelo. O baile foi tamanho que ele nem voltou para o segundo tempo.
Pedro, atacante, também jogou por seu lado do gramado. Numa “quase-dividida” entre eles, cordialidade pura. Neymar tirou o pé e evitou um choque desnecessário. Pedro joga no Barça. Política da boa vizinhança no Maracanã.
Mas havia outro importante jogador do Real em campo. Casillas, capitão do título mundial, um dos ícones desta geração, nem viu por onde passou o foguete que saiu do pé esquerdo do craque. Craque mesmo. Não é qualquer um que dá passinhos para trás com tanta velocidade para sair do impedimento e receber de Oscar.
Um foguete para Sara Carbonero nenhuma botar defeito, e fazer o lorde Andrés Iniesta olhar para o chão. Depois para o vazio. O principal astro da equipe mais vitoriosa da atualidade sofreu faltas, chegou a ser caçado por Oscar, levou bico no calcanhar, mas apenas pediu educadamente o cartão ao árbitro. Não foi atendido, e seguiu jogando. Ou melhor, tentando jogar.
No segundo tempo, Arbeloa virou Azpilicueta. E tão difícil quanto falar seu nome foi entender o que Neymar fez com ele quando deixou a bola passar para o terceiro gol, de Fred: 3 a 0. Um show, um espetáculo, uma maravilha.
Resistiria a cordialidade entre Neymar e seus companheiros? Com Busquets, sim. Com Piqué, não. O atacante faria mais um gol se não estivesse impedido. O volante espanhol nem percebeu que a bandeirinha estava de pé, e deu carrinho. Neymar não chutou, e ainda ajudou o parça do Barça a se levantar.
Poucos repararam, mas quando o camisa 10 arrancou do campo de defesa e deixou Busquets para trás, ele apenas se levantou e ergueu os braços. Piqué não foi tão gentil assim. Deu carrinho e foi expulso. Saiu mais cedo de campo. Nada mau para quem tem uma Shakira esperando...
Seguiu o baile, e até Pedro, aquele da gentileza do primeiro tempo, perdeu a paciência: falta. Neymar continuou arrancando. Não conseguiu mais chegar ao gol. Faltaram pernas. Faltou fôlego. Sobrou orgulho. Neymar não é mais um menino. É um homem, e é campeão. Que tenha sorte em seu primeiro dia de Barcelona com os vices Piqué, Pedro, Busquets, Xavi, Iniesta...
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