06/07/2013

O encontro entre Francisco e Bento XVI

A fé não nos separa da realidade, aliás, permite-nos captar o seu significado mais profundo e descobrir a intensidade do amor de Deus por este mundo, que orienta incessantemente rumo a si próprio. Está é a mensagem central da carta encíclica Lumen Fidei, a primeira do Papa Francisco, apresentada esta sexta-feira (5).
Uma mensagem que, como escreve o próprio pontífice nas primeiras páginas, resume alguns temas queridos a Bento XVI. Trata-se de fato de assuntos que o Papa Ratzinger já tinha tratado nas encíclicas sobre a caridade e a esperança e que aprofundou posteriormente na primeira redação da que deveria ter sido a sua terceira encíclica, precisamente sobre a fé.
"Um trabalho precioso", define-o o papa Francisco, pelo qual expressa profunda gratidão ao seu predecessor, manifestando também a vontade de fazer seu aquele trabalho, acrescentando-lhe ulteriores contribuições.
E, como observou o arcebispo Gerhard Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, apresentando na manhã de sexta na Sala de Imprensa da Santa Sé a encíclica aos jornalistas, o primeiro elemento que sobressai da leitura do texto é que, exceto as inevitáveis “diferenças de estilo, de sensibilidade e características” é evidente “a substancial continuidade da mensagem do papa Francisco com o magistério de Bento XVI”.
E devido a uma significativa circunstância, no dia em que é apresentada a encíclica que, de modo totalmente original, assinala a continuidade do magistério petrino, o papa Francisco e Bento XVI inauguram juntos a estátua do arcanjo são Miguel, padroeiro do Estado da Cidade do Vaticano, colocada na praça do Governatorado.
Evidente a intenção da encíclica de responder, antes de tudo, a uma objeção de muitos dos nossos contemporâneos, os quais veem a fé como uma “luz ilusória” que impede “que o homem cultive a audácia do saber”. Mas, pouco a pouco, viu-se que só a luz da razão não consegue iluminar suficientemente o futuro”, que no final “permanece na sua obscuridade e deixa o homem no medo do desconhecido”. Por isto é necessário recuperar “o significado iluminante da fé”.

O caminho que deve ser percorrido indicado pela encíclica é o que foi indicado pelo amor de Deus. “A fé – lê-se – é um dom gratuito de Deus que pede a humildade e a coragem de confiar e recomendar-se, para ver o caminho luminoso do encontro entre Deus e os homens, a história da salvação”.

L’Osservatore Romano, 06-07-2013.

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