15/07/2013

Países registram novos recordes de geração solar

Por Jéssica Lipinski

Na última semana, dois grandes países produtores de energia solar alcançaram novos recordes de geração, consolidando seu lugar no mercado global do setor: os Estados Unidos e a Alemanha.

Os EUA atingiram dez gigawatts (GW) instalados de capacidade solar fotovoltaica (PV), sendo o quarto país a chegar a essa marca. Agora, apenas a Alemanha, a Itália e a China têm mais capacidade fotovoltaica do que os norte-americanos.

Segundo o relatório North America PV Market Quarterly (Mercado PV Trimestral da América do Norte), a energia fotovoltaica se tornou uma das fontes de energia que mais cresce nos Estados Unidos nos últimos anos.

Para se ter uma ideia, o documento aponta que o mercado fotovoltaico tem crescido a uma taxa de 50% ao ano desde 2007, e 83% da capacidade de dez GW foi instalada nos últimos 3,5 anos. Apenas durante a primeira metade de 2013, mais de 1,8 GW de nova capacidade PV foi instalada nos EUA.

E, ainda de acordo com o relatório, esse crescimento só tende a acelerar. Nos próximos 18 meses, prevê-se que as instalações cumulativas de energia PV aumentem 80%, fazendo com que os norte-americanos atinjam uma capacidade fotovoltaica de 17 GW.

Esse crescimento se deveria a uma grande redução nos preços da energia fotovoltaica e de equipamentos solares, que começou em 2011. De lá para cá, os custos de um sistema PV instalado caíram de US$ 6 por watt para US$ 4,25 por watt para sistemas residenciais. Para sistemas em escala industrial, a queda foi maior: o valor é atualmente de US$ 3 por watt.

O preço menor do watt para escala industrial fez com que esse segmento dominasse o mercado, sendo responsável por pelo menos 55% das instalações nos EUA. A consultoria Solabuzz afirma ainda que atualmente há quase 1,4 mil instalações fotovoltaicas de 500 quilowatts (KW) ou mais em 39 estados diferentes, que juntas fornecem 5,4 GW da capacidade. O estado da Califórnia é o que mais detém essas instalações, com 40% delas.

No entanto, o crescimento não tem sido igual ou proporcional em todos os estados norte-americanos. Enquanto os estados do oeste e do meio da costa atlântica têm a maior parte dos dez GW instalados, as regiões sudoeste e sudeste começaram a contribuir recentemente para as instalações. Já outras regiões, como as Grandes Planícies e os Grandes Lagos, ainda não desenvolveram esse setor.

A Alemanha, o outro país que comemorou recorde na produção, atingiu no último final de semana 23,9 GW de eletricidade gerada a partir de energia solar, o suficiente para alimentar 2,3 milhões de residências. Agora, o país detém 35% da produção solar mundial.

Em julho do ano passado, a Alemanha já havia batido recorde na geração de energia solar, chegando a 22 GW. Atualmente, cerca de 8,5 milhões de alemães, ou aproximadamente 10% da população do país, vivem em residências que usam seus próprios sistemas solares para gerar eletricidade ou calor, e a previsão é que esse índice aumente ainda mais nos próximos anos.

A Alemanha gera hoje cerca de 25% de sua energia de fontes renováveis, taxa que, para Stefan de Haan, analista de mercado da empresa de pesquisas IHS, deve aumentar para 39% até 2020, 50% até 2030 e 80% até 2050. Essas marcas têm grandes chances de serem alcançadas devido à política de transição energética lançada pelo país em 1991, que introduziu, entre outras medidas, incentivos tarifários para a produção de energia solar.

No entanto, neste ano a indústria solar alemã sofreu com alguns cortes no esquema de subsídios e com o excesso de empresas operando em uma indústria limitada, o que já acarretou na insolvência de diversas companhias e na redução de empregos no setor. A chanceler Angela Merkel, que disputa seu terceiro mandato neste ano, prometeu que vai avaliar os atuais subsídios e estimular a recuperação do setor após as eleições, em setembro.

Mas mesmo com essas dificuldades, Haan acredita que o setor continuará a ter um papel importante e uma grande participação na produção de energia do país.

Países emergentes

Apesar de os maiores volumes de instalação e produção de energia solar serem em países desenvolvidos, principalmente na Europa e na América do Norte, isso não significa que as nações emergentes não estejam desenvolvendo sua indústria solar. De fato, já há vários exemplos de países que estão apostando no setor solar como alternativa aos combustíveis fósseis.

Um deles é o Peru, que pretende fornecer painéis solares a 500 mil famílias através do Programa Nacional de Eletrificação Fotovoltaica em Domicílios (NPHEP). 

A primeira fase do projeto iniciará com a instalação de 1601 painéis solares, que alimentarão 126 comunidades carentes nos distritos de Cupisnique, San Benito, Tantarica, Chilete, Yonán, San Luis e Contai. O custo total do NPHEP é de aproximadamente US$ 200 milhões, e devem ser instalados 12,5 mil sistemas fotovoltaicos nos próximos cinco anos.

“Esse programa é destinado às pessoas mais pobres, aquelas que não têm acesso à iluminação elétrica e ainda usam lâmpadas a óleo: gastam seus próprios recursos para pagar por combustíveis que prejudicam sua saúde”, comentou Jorge Merino Tafur, ministro de Minas e Energia do Peru.

Atualmente, apenas 66% da população peruana tem acesso à eletricidade, e o programa quer aumentar esse número para 95% até 2016.

Além de fornecer energia para a população mais necessitada, o projeto deve estimular o crescimento da indústria solar no país: prevê-se que, até o final do projeto, a indústria fotovoltaica peruana tenha crescido de mil/dois mil sistemas de 50 W por ano para cerca de sete mil sistemas por ano.

O projeto planeja criar oportunidades de mercado para energias renováveis melhorando o acesso a crédito, facilitando a criação de companhias de serviço fotovoltaico rural, e desenvolvendo mais consciência dos benefícios e possibilidades da eletrificação fotovoltaica. Prevê-se também que o custo por sistema diminuirá dos atuais US$ 713 para cerca de US$ 513 à medida que a demanda aumentar, até o final do projeto.

Brasil

Enquanto isso, no Brasil, a energia solar ainda não tem recebido tanto incentivo em relação ao seu potencial. Em se tratando de energias renováveis não hidrelétricas, por exemplo, a eólica é mais competitiva do que a solar, devido a fatores como a falta de apoio governamental consistente e ausência de fabricantes de painéis fotovoltaicos brasileiros.

Entretanto, estima-se que o custo, hoje entre R$ 280 e R$ 300 por megawatt-hota (MWh), possa cair para R$ 165/MWh em cerca de cinco anos, o que faria com que a energia solar se tornasse mais competitiva em leilões de eletricidade. 

Atualmente, o governo permite que um consumidor que tenha geração de energia fotovoltaica ligue seus painéis à rede. A conta de luz vai indicar a quantia de eletricidade que foi usada a partir da energia solar e a porção retirada da rede. O excedente da energia solar que foi economizado se transforma em crédito para os meses seguintes.
Instituto CarbonoBrasil

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