06/07/2013

Paraty: 'Flip pra quem?', pergunta manifestante em Paraty, RJ


Apesar de questionado, evento literário não foi criticado.
Ato reuniu marinheiros que pediam melhores condições de trabalho.

Paola FajonniDo G1 Sul do Rio e Costa Verde

Manifestantes levaram cartazes para protesto no cais (Foto:  Paola Fajonni)Manifestantes levaram cartazes para protesto no cais (Foto: Paola Fajonni)
“Flip pra quem?”, questionava o cartaz de um participante do protesto que aconteceu na manhã deste sábado (6), paralelo à Festa Literária Internacional de Paraty. Os manifestantes eram na maioria marinheiros e começaram a se reunir por volta das 9h, no cais, próximo ao Centro Histórico.
Apesar de levantar questões sobre o evento literário, a maioria pedia melhores condições de trabalho para os marinheiros da cidade. “Queremos fiscais”, “SOS turismo náutico” e “As escunas estão sufocando os caiçaras” eram frases pintadas nos cartazes.
“As grandes embarcações engolem as pequenas, vendem muito barato”, disse a guia de turismo e marinheira Gisele Lopes, de 32 anos, uma das organizadoras do protesto. “Queremos a limitação das embarcações para que não entrem mais escunas”.
De acordo com Gisele, o governo municipal não está ajudando a categoria. “Já são sete meses. O governo atual prometeu apoiar, mas para apoiar tem que acontecer”.
Outro ponto levantado na manifestação foi a lei municipal 1.710, que não seria cumprida. Segundo participantes, ela regulamenta o turismo náutico. “Eu coloco um tripulante para cada 20 passageiros no meu barco, conforme a lei. A gente vê aí escuna com 250 passageiros e quatro tripulantes”, afirmou o marinheiro Sidney Santos.
Segundo organização, até 400 pessoas participaram do protesto (Foto: Paola Fajonni /G1)
Segundo organização, até 400 pessoas
participaram do protesto (Foto: Paola Fajonni /G1)
Manifestantes também disseram que grandes embarcações jogam dejetos no mar. “A questão é crítica. Paraty tem cinco unidades de conservação, e o impacto ambiental? Isso não tem fiscalização”, afirmou Guilherme Solimeno, guia turístico e técnico em meio ambiente.
Segundo a organização, entre 300 e 400 pessoas participaram do protesto, que foi acompanhado por aproximadamente 50 agentes  da Polícia Militar.
G1 tentou entrar em contato por telefone com a assessoria do governo municipal de Paraty, mas ninguém atendeu para falar sobre as questões apontadas pelos marinheiros.
Cais fechado
Os turistas que queriam fazer passeios de barco não conseguiram. Os manifestantes fecharam o cais e disseram que não trabalhariam neste sábado. “Se elas [escunas] quiserem sair, saem pra lá, aqui não”, afirmou o marinheiro Lucas Macondes.

A arquiteta Cristine Ferreira, que saiu de São Paulo para participar da Flip, teve que desistir do programa. “Não estava sabendo da manifestação. Queria fazer passeio de escuna, agora a gente vai voltar e provavelmente ficar passeando pela cidade”, concluiu
.

Em Paraty, os textos escritos por Graciliano Ramos são lembrados nas conversas, nos debates e até nos passeios de barco, com pessoas que interpretam trechos de livros.


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Vinte e cinco mil pessoas são esperadas até domingo na Flip - a Festa Literária Internacional de Paraty, no Sul do estado do Rio. O homenageado desta edição é o escritor alagoano Graciliano Ramos.
A busca por uma gota de esperança na aridez do sertão. O drama de Fabiano, personagem central do romance “Vidas Secas”, é um retrato preciso da realidade atual, após a pior seca dos últimos 50 anos.
“A gente foi a cerca de dez municípios. Era impressionante como a gente pegava os livros, olhava para as paisagens e encontrava aquela obra”, conta o repórter do Jornal O Globo André Miranda.
O romance “Memórias do Cárcere”  nasceu de contos que Graciliano escreveu para se sustentar depois de sair da cadeia. Em 1936 foi preso, acusado de conspiração contra o governo do presidente Getúlio Vargas.
Ele já tinha desafiado os poderosos de Alagoas quando foi Secretário de Educação e prefeito de Palmeira dos Índios.
Em Paraty, os textos escritos por Graciliano Ramos são lembrados nas conversas, nos debates e até nos passeios de barco, com pessoas que interpretam trechos de livros. A homenagem acontece agora, quando  as manifestações populares citam os mesmos temas que fizeram parte da vida e da obra deste escritor.
“Ele combateu o clientelismo, os privilégios, a extrema desigualdade social, combateu a corrupção. Ele levantou as bandeiras que estão aí nas ruas”, diz o escritor Milton Hatoum.
Firme nas suas convicções e crítico, refazia os textos muitas vezes. Sempre buscando a forma correta e ética, na escrita e na política.
“Graciliano está vivo, está aqui e faz parte da realidade, do momento de todos nós”, diz uma participante da festa.

  • 04/07/2013

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