A sugestão é ir ao coração do Senhor. É o que Jesus nos ensina
'Não vos preocupeis, o Pai manda a chuva e o sol sobre justos e pecadores; eis porque é necessário negociar com o Senhor'
Quando se quiser obter algo de Deus, é necessário ter coragem de “negociar" com ele através de uma oração insistente e convicta, feita de poucas palavras, melhor se forem as do Salmo 102. O papa Francisco voltou a falar sobre a coragem que deve amparar a oração dirigida ao Pai, com “toda a familiaridade possível". E citou como exemplo a oração de Abraão, o seu modo de falar com Deus como se estivesse a negociar, exatamente, com outro homem.
O pontífice exortou quantos participaram na manhã de segunda-feira (1º), na missa celebrada na capela da Domus Sanctae Marthae, a refletir sobre isto. Entre eles, estavam presentes também oficiais e colaboradores do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, acompanhados pelo cardeal presidente Kurt Koch, que celebrou com o papa.
Abraão, recordou o pontífice, tinha ultrapassado os 100 anos. Mas, há cerca de 25 anos, falava com o Senhor e sobre ele tinha formado um conhecimento profundo. E, portanto, dirigia-se ao Senhor para lhe perguntar "o que faria com aquela cidade pecadora". Segundo o papa, Abraão sente a força de falar face a face com o Senhor e procura defender a cidade. "Ele sente que aquela terra lhe pertence e, portanto, procura salvar o que é seu. Mas, adverte, sente também que deve defender o que pertence ao Senhor".
“Abraão – explicou o papa Francisco – é um homem corajoso e reza com coragem". Quando falamos de coragem “pensamos sempre na coragem apostólica", no que nos leva “a pregar o Evangelho". Contudo, existe “também a coragem, a parresia diante do Senhor: ir ter com o Senhor corajosos para pedir algo". O papa compara a oração de Abraão com uma “negociação fenícia", na qual se trata o preço e quem compra procura fazer de tudo para o abaixar. Abraão insiste e "de 50 consegue abaixar o preço para 10", não obstante soubesse que não era possível evitar o castigo para as cidades pecadoras.
Quantas vezes, recordou o papa, aconteceu a cada um de nós encontrarmo-nos a rezar por alguém dizendo: “Senhor, peço-te por este, por aquele...". Mas isso “não é rezar. Se alguém quiser que o Senhor conceda uma graça – frisou o Bispo de Roma – deve ir com coragem e fazer o que Abraão fez, com insistência. O próprio Jesus diz-nos que devemos rezar assim".
A sugestão é ir ao coração do Senhor. "É o que Jesus nos ensina: o Pai sabe tudo, não vos preocupeis, o Pai manda a chuva e o sol sobre justos e pecadores; eis porque é necessário rezar, negociar com o Senhor, e tornar-se também inoportuno com o Senhor".
"Gostaria – concluiu – que a partir de hoje todos nós, por 5 minutos, durante o dia recitássemos lentamente o salmo 102, o mesmo que recitamos entre as duas leituras. “Bendiz, ó minha alma, o Senhor, e toda a minha vida interior, o seu Santo nome; bendiz, ó minha alma, o Senhor, e não esqueças todos os seus benefícios. É Ele quem perdoa as tuas culpas, e sara todas as tuas enfermidades; é Ele quem resgata a tua vida do túmulo, e te coroa de graças e bondade. Rezemo-lo inteiramente. E assim aprenderemos o que devemos dizer ao Senhor, quando pedimos uma graça".
L’Osservatore Romano, 02-07-2013.
Dom Total
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