09/08/2013

Força da fé católica está em sua dimensão ética, diz teólogo

Papa abraça fiel: palavras e atitudes com forte conteúdo ético.

Por Alexandre Vaz
Repórter Dom Total 

Ao propor uma mudança de rumo para a Igreja Católica, baseada na simplicidade e em uma maior aproximação com os pobres, o papa Francisco não apenas fortalece a confiança dos católicos na fé cristã, como também acende o debate ético a respeito dos valores que atualmente regem a sociedade, como o individualismo, o consumismo e a excessivo apego ao dinheiro. 

Para o teólogo João Batista Libânio, professor da Faculdade Jesuíta e colunista do Dom Total, isso mostra como a força de uma doutrina religiosa está justamente no fato de ela estar ancorada ou não nos valores éticos de uma sociedade. “Toda religião é organizada de acordo com um código de valores e condutas vigente em um determinado período histórico. E a força de sua doutrina está justamente no fato de esse código estar próximo ou não dos valores éticos vigentes”, explica. 

Como exemplo, o teólogo cita a pena de morte, que, desde a Idade Média até a Idade Moderna, era amplamente aceita e praticada pelos meio dos Tribunais de Inquisição. “A Igreja era a favor da morte como forma de punição aos pecadores porque isso não ia contra os valores da época. Hoje, é impossível o catolicismo aceita-la, uma vez que vai contra toda a evolução dos direitos humanos na sociedade moderna”.

João Batista Libânio explica que, apesar de ter sido apresentado ao mundo como uma novidade, o papa Francisco não representa o marco de uma guinada nos rumos do catolicismo. Segundo ele, o início dessa mudança se deu com o Concílio Vaticano II, convocado em 1961 pelo papa João XXIII. Na época, representantes da Igreja Católica de todo o mundo foram convidados a refletir sobre as relações com a sociedade e a buscar uma maior aproximação com os fiéis. 

“Temos que lembrar que, depois do concílio, vários foram os sinais de que a Igreja estava disposta a ter atitudes mais condizentes com os valores éticos da sociedade moderna. João Paulo II, inclusive, pediu perdão por algumas atitudes da Igreja no passado, como a perseguição aos judeus e outras correntes religiosas. Isso está relacionado ao fato de que, na modernidade, todos temos que aprender a conviver com a diferença”, ressalta. 

Para o teólogo, mais do que uma mudança no conteúdo, Francisco quer  uma mudança nos ritos, de forma que os fiéis possam ter um contato mais próximo e direto com Deus. “Ao propor uma simplificação nos ritos da Igreja, o papa quer promover um contato mais próximo e direto dos fiéis com Deus. Assim, ele ajuda o catolicismo se aproximar do Jesus histórico, que sempre foi nos ensinou a amar o próximo, acima de tudo”.
Redação DomTotal

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