Um projeto alternativo aos viadutos do Cocó, que não avance em um milímetro sequer na área do Parque, é o denominador comum entre os manifestantes que há 27 dias estão acampados no local, para tentar impedir as obras da Prefeitura de Fortaleza. Cerca de 300 pessoas, com idade de 16 até 83 anos, estariam engajadas ao movimento – dessas, 40 dispostas a ficar todos os dias. Questionados pelo O POVO sobre qual a condição para o fim da ocupação, houve divergência entre alguns dos presentes. Ainda não parece haver total clareza sobre o que exatamente os fará voltar para casa.
Bastante heterogêneo e sem líderes definidos, o grupo inclui estudantes, agrônomo, geógrafo, ex-policial, surfista, artistas, aposentados, pessoas de partidos ou sem identificação com legendas, entre outros perfis que se revezam entre as obrigações diárias e o alojamento. Alguns possuem histórico de militância nas áreas ambiental e urbanística, outros aderiram à “luta” após a onda de protestos deste ano.
Com o passar dos dias entre as árvores do Cocó, a lista de reivindicações ficou mais extensa. Entre outros pontos, os manifestantes demandam mudanças na lógica de mobilidade urbana do Governo e da Prefeitura, com obras que deem mais atenção a pedestres, ciclistas e transportes coletivos, e a legalização do Parque do Cocó, requerida pelo Ministério Público Federal e prometida pelo governador Cid Gomes (PSB) na visita surpresa feita na última segunda-feira.
Estilo de vida
Tal apoio, no entanto, coexiste com a hostilidade. No período em que O POVO esteve no Cocó, entre 15h30min e 18h de ontem, foram vários os motoristas e passageiros que gritaram “vagabundos”, “desocupados” e “vão trabalhar” para os manifestantes. No mesmo intervalo, no entanto, houve doações de água mineral e comida.
Segundo os ocupantes do Cocó, as doações chegam por meio de moradores do entorno, de anônimos que passam pelo acampamento e dos próprios envolvidos, incluindo vereadores. Eles também fazem “pedágios” periódicos nos semáforos, pedindo dinheiro para o movimento. “Em meia hora a gente consegue levantar R$ 100,00”, disse Rafael Lima. Segundo ele, é possível se manter com R$ 70,00 por dia.
E agora
ENTENDA A NOTÍCIA
Os manifestantes dizem não ter pressa para deixar o Cocó. As decisões sobre os próximos passos do movimento são tomadas coletivamente, em plenárias, a cada fato novo. Eles querem impedir nova derrubada de árvores.
SERVIÇO
Manifestação sobre mobilidade urbana
Quando: 15 de agosto
Onde: concentração na Praça Portugal (Aldeota, a partir das 14 horas
Bastidores
As refeições dos ocupantes do Cocó são compradas já prontas, pois não é permitido fazer fogo no local. Um banheiro químico é destinado para as mulheres, enquanto os homens usam o banheiro seco, alternativa ecológica do tratamento de fezes.
A energia elétrica é garantida por um gerador, emprestado ao acampamento por uma fonte que não foi identificada ao O POVO.
Os participantes tomam banho em um chafariz do Parque ou na residência de moradores do entorno que simpatizam com a causa. Muitos dos manifestantes voltam para casa todos os dias, embora se mantenham presentes no dia a dia do acampamento.
Multimídia
A repercussão da visita do governador Cid Gomes ao Parque do Cocó é o Tema do Dia na cobertura de hoje dos veículos do Grupo de Comunicação O POVO. Confira:
Para escutar: Na rádio O POVO/CBN (FM 95,5), o tema será discutido no programa Grande Jornal, às 9 horas. E na rádio Globo/O POVO (AM 1010), o tema será discutido no programa Manhã da Globo, às 10 horas.
Para ver: A TV O POVO trará uma matéria sobre o tema no O POVO Notícias, às 18h30min. Assista à programação pelo canal 48 (UHF e TV Show) e 23 (NET).
Para ler e opinar: Acompanhe a repercussão entre os internautas na página do O POVO Online no Facebook
(www.facebook.com/OPOVOOnline ) e no portal O POVO Online (www.opovo.com.br)
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