28/09/2013

Filho de Renato Russo planeja exposição itinerante sobre o pai

Ideia da mostra é dividir com os fãs do cantor e compositor o que ficou no apartamento, fechado há 20 anos
O sofá marcado pela queimadura de um cigarro que Renato Russo fumou no apartamento de segundo andar da Rua Nascimento Silva, em Ipanema, ainda está lá. Assim como os móveis escolhidos pelo ídolo da geração Coca-Cola: espingardas, vitrola, castiçais, esculturas de anjos barrocos e até um galo daqueles que anunciam se vai chover. Tudo do jeito como o líder da Legião Urbana decorou quando se mudou para o bairro em 1990 e onde morou até morrer, em 1996.

Giuliano é formado em Direito e Administração FOTO: GUITO MORETO/AGÊNCIA O GLOBO

É sentado no mesmo sofá que seu único filho, Giuliano Manfredini, 24 anos, explica a ideia de uma exposição itinerante que planeja para dividir com os fãs o que ficou no apartamento, fechado há quase 20 anos.

"Quero promover uma viagem pela mente do meu pai para que conheçam a pessoa, não só o artista. Estamos catalogando tudo o que ele produziu aqui, e esperamos inaugurar a mostra em dois anos".

Se 2015, para os saudosos da Legião, parece longe, Giuliano anuncia outros projetos. Ano que vem, no dia 27 de março, data em que o Trovador Solitário faria 53 anos, está previsto o lançamento em CD e DVD do show feito pela banda em 1994 no então Metropolitan (hoje Citibank Hall). Antes, em dezembro, chega às lojas um livro inspirado no roteiro de "Faroeste Caboclo", recém-adaptado para o cinema, com Fabrício Boliveira e Isis Valverde no elenco. O longa, aliás, dirigido por René Sampaio, inspirou Giuliano a planejar uma versão de "Eduardo e Mônica" para a telona.

E, até o fim deste ano, o filho de Renato inaugura uma instituição para auxiliar dependentes químicos, o "maior sonho" do músico. Giuliano também vai produzir um documentário para retratar a vida do pai. Em outubro de 2014, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, será produzida uma versão gratuita do show que aconteceu no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, em junho deste ano, com o holograma do cantor.

O fôlego para tantos projetos sobre a banda, que vendeu 15 milhões de discos desde que surgiu, em 1982, vem do próprio Giuliano, que é formado em Direito e Administração. Ao completar 18 anos, ele assumiu a Legião Urbana Produções Artísticas, antes gerida pela mãe e pela irmã de Renato.

"Montei uma equipe com pessoas que conviveram e trabalharam com meu pai. É impossível fazer esse trabalho sozinho, porque é uma herança muito vasta. Quero atender à demanda dos fãs do país todo".

Renato fundou o negócio como sócio majoritário, e Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá entraram como parceiros. Anos depois, guitarrista e baterista deixaram a sociedade, e a marca passou a ser administrada pela família do cantor. Em julho deste ano, Dado e Bonfá conquistaram na Justiça o direito de usar a marca Legião Urbana, sob alegação de "amargar prejuízos, não podendo agendar shows e eventos que contem a história da banda", segundo comunicado lançado na época. Uma semana depois, a liminar foi anulada a pedido da família de Renato. "A marca não é de um, nem de dois. É de três pessoas e sempre foi assim. Agora é uma questão de ordem jurídica, mas não é pessoal", diz Dado.

Giuliano rebate: "Não sou contra Dado e Bonfá usarem o nome Legião Urbana. Nunca impedi. No Rock in Rio de 2011, eles usaram o nome num show. Não entendi por que entraram na Justiça pedindo o direito da marca. Eu gostava deles. Hoje, minha relação é profissional. Vou seguir como manda a lei. É assunto superado".

Sobre as homenagens ao pai... "Wagner Moura como cantor é um bom ator. O formato daquele show na MTV (em 2012) foi equivocado. "Somos tão jovens" (de Antonio Carlos da Fontoura) foi um filme inocente e raso", diz Giuliano, que afirma ter mais aptidão para os bastidores. "Se eu cantasse, seria o recorde de pessoas fugindo de uma casa de shows".

MICHELE MIRANDAAGÊNCIA O GLOBO 
Diário do Nordeste

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