27/09/2013

Longe do padrão-fifa

Cadeiras antigas do Castelão estão estocadas em terreno e já se tornaram até foco de mosquitos da dengue 
A capacidade do Castelão, antes da reforma para a Copa de 2014, era de 60.326 pessoas. Quando deixou a alcunha de estádio para virar arena, todas os assentos foram substituídos. O destino de uma parte dessas cadeiras antigas foi a doação, tendo sido repassadas para vários estádios do Interior. No entanto, algumas centenas delas acabaram não recebendo uma nova casa e, agora, estão ao relento em uma oficina da Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra), ao lado do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJ-CE). Há relatos, inclusive, de que o galpão passou a ser foco de dengue.

Cadeiras entregues ao sol e chuva se deterioram aos poucos
Foto: Bruno Gomes

A denúncia foi feita pelo jornalista Mário Kempes, em seu "Blog do Kempes", na última quarta-feira, 25.

A Secretaria do Esporte do Estado do Ceará (Sesporte) confirmou que 800 cadeiras sobraram das doações e serão leiloadas. De acordo com a pasta, os assentos estariam guardados em um depósito, com seguranças que vigiam o local. Mas a reportagem comprovou ontem que o equipamento encontra-se em estado de total abandono.

Ao ar livre e sem nenhum tipo de proteção, muitos dos assentos já estão completamente enferrujados e sucateados. Ainda de acordo com a Sesporte, as cadeiras foram guardadas pela Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Ceará (Seplag). Em contato com a reportagem, a assessoria de imprensa da Seplag afirmou que o órgão só poderia se manifestar sobre o assunto nesta sexta-feira.

Dengue

Além do aparente desperdício de patrimônio público, as cadeiras têm se tornado um problema para os funcionários da oficina da Sohidra. "Sabe-se lá o que há debaixo de todo esse entulho. É sucata", enfatiza o torneiro mecânico José Cláudio da Silva. Mas, ao que parece, algo perigoso pode sair de lá, sim: a dengue.

De acordo com pessoas que trabalham no galpão, vários colegas já foram acometidos da doença, proveniente de mosquitos advindos do acúmulo de água nas pilhas de cadeiras. "Desde que começaram a quebrar o Castelão que as cadeiras vieram para cá. Já teve gente que quase morreu de dengue aqui. Vários colegas nossos pegaram a doença", relata Silva. "Agora acabou porque as chuvas pararam", aponta outro funcionário que preferiu não se identificar.

Os mecânicos da oficina também afirmam que vários especialistas da Prefeitura já foram ao local para coletar amostras que comprovam a presença do mosquito. Até o fechamento desta edição, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) não retornou as ligações da reportagem para comentar a situação de aparente descaso com a saúde pública.

Questionado sobre o motivo das cadeiras terem ido parar na oficina, o coordenador Boanerges Stedile respondeu que "também nos perguntamos a mesma coisa. Estamos até com problema de espaço. Nosso maquinário já ocupa boa parte do local e não podemos fazer descarga do nosso material".

"Fomos à Secretaria de Cidades, de Esportes, entregamos ofício para ver se eles faziam alguma coisa", diz Stedile, que confirmou os casos de dengue entre os funcionários da oficina.

SAIBA MAIS

Cadeiras doadas

Se 800 cadeiras estão sendo entulhadas, outras 51 mil já foram doadas para estádios do interior, de acordo com a Secretaria do Esporte do Estado do Ceará (Sesporte)

Municípios

A Sesporte confirmou que 23 municípios chegaram a receber os assentos do antigo Estádio Castelão

Pias e banheiras

Outros equipamentos do Gigante da Boa Vista pré-reforma, como banheiras de hidromassagem e pias também foram doados para cidades do Interior

Refletores

Já os 180 refletores foram distribuídos para alguns estádios como o Junco, em Sobral; Romeirão, em Juazeiro do Norte, e o Inaldão, no município de Barbalha

Placares

Os dois antigos placares eletrônicos do Castelão também acabaram no interior do Estado. As praças escolhidas foram o Junco, em Sobral, e o Romeirão, em Juazeiro do Norte 


Diário do Nordeste

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