Vítimas da posse irresponsável e da falta de ações que os retirem do desamparo e promovam o bem-estar, cerca de 24.500 cães e gatos, revela uma estimativa do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), estão abandonados na Cidade, em situação que talvez não mude tão cedo. No Dia dos Animais, comemorado hoje, quando também se celebra São Francisco, conhecido por ser protetor dos bichos, eles sofrem com a ausência de políticas públicas de monitoramento, castração, resgate e incentivo à adoção. Assim, a quantidade de animais de rua deve seguir crescendo na Capital.
No Polo de Lazer Gustavo Braga, no bairro Damas, moradores construíram abrigos para os gatos. No entanto, no último dia 26, 20 felinos foram encontrados mortos na área, provavelmente por envenenamento Foto: Alex Costa
Cleonardo da Costa, coordenador do CCZ, afirma que, atualmente, as únicas medidas tomadas para evitar que mais cachorros e felinos fiquem ao relento são estímulos às organizações não-governamentais (ONGs) de proteção e campanhas educativas sobre a guarda consciente dos animais. Segundo ele, a falta de compromisso de proprietários com o bem-estar animal é o fator que mais tem ocasionado a rejeição e o abandono.
No entanto, ações regulares de castração, que poderiam evitar a reprodução desregrada, e o resgate daqueles que já estão nas ruas são, conforme Costa, inviáveis. O coordenador explica que o CCZ não possui estrutura e recursos necessários para realizar esterilizações e fornecer acolhimento a cachorros e gatos que vivem nas ruas. "Nossa capacidade é de apenas 600 animais e a verba do SUS (Sistema Único de Saúde) não permite que façamos castrações, pois não temos condição de manter um centro cirúrgico e insumos", revela.
Diante da falta de ações do poder público, as ONGs de proteção aos animais têm tomado a responsabilidade de realizar serviços de acolhimento. Desde 2006, a União Protetora dos Animais Carentes (Upac Fortaleza) trabalha resgatando, castrando e promovendo eventos de adoção. Segundo Gustavo Jorge, presidente da entidade, por mês, são retirados das ruas uma média de 15 animais pela equipe de voluntários e muitos outros pela própria população, que oferece lares temporários.
Antes de disponibilizar os cães e gatos para apadrinhamento, a ONG faz a vacinação e a esterilização dos animais. Também se realizam mutirões nos quais o serviço é oferecido. "O que mais pedimos ao poder público é que assuma, pelo menos, o trabalho de castração gratuita. Mas o ideal é que houvesse um lugar onde esse animais pudessem ser cuidados e colocados para adoção", afirma.
A União Internacional Protetora dos Animais (Uipa) é outra entidade que assumiu o papel de evitar o abandono. A presidente Geúza Leitão afirma que luta, juntamente ao Ministério Público Estadual, para que a Prefeitura desenvolva políticas públicas para adoção e castração, mas não obteve sucesso. Mesmo assim, faz a esterilização com a ajuda de veterinários. Por mês, são 220 castrações, contribuindo para controlar a natalidade.
"Sem isso, os animais se reproduzem muito rápido e são jogados nas ruas por donos que não fazem a posse responsável. Muitos morrem também atropelados e envenenados", diz Geúza.
Foi o caso de 20 gatos mortos, provavelmente envenenados, encontrados, no último dia 26, no Polo de Lazer Gustavo Braga, no bairro Damas, onde moradores construíram espécies de abrigos para os felinos. Conforme a Sociedade Protetora dos Animais (SPA-CE), foi o terceiro extermínio de gatos registrados na área apenas em 2013.
Projeto
Cleonardo Costa afirma que o CCZ elabora um projeto que irá abranger não só animais de rua, mas também aqueles abrigados por ONGs e os que estão sob a guarda da população carente. O objetivo é, a partir de 2014, fazer um cadastro com informações sobre idade, espécie e situação de cães e gatos, além de colocar chips naqueles que já têm lar, com o objetivo de fazer um monitoramento. Paralelamente, os animais serão encaminhados para uma triagem onde farão exames e castrações.
No caso de cachorros e felinos que vivem nas ruas, o CCZ pretende executar ações de visita a praças e parques no intuito de realizar o atendimento veterinário, e também o cadastro e a instalação dos chips. O último passo é encaminhar os animais saudáveis para adoção. "A ideia é fazer o trabalho em parceria com as associações, que dá dispõem de abrigos e poderão ser auxiliados pela Prefeitura", afirma o coordenador do CCZ.
Outra medida é intensificar a aplicação da Lei Municipal 8966/2005, que atribui ao proprietário a responsabilidade sobre os animais, prevendo punições para aqueles que não oferecerem condições de alojamento, alimentação, saúde e bem-estar.
Feira de adoção
Hoje e amanhã (5), é realizada, no térreo do Shopping Benfica, uma feira de adoção de gatos e cachorros, além de exposição de fotos que mostram a evolução de animais que foram abandonados e, após serem acolhidos por voluntários, aguardam um novo e definitivo lar. Os interessados em adotar um gato ou cachorro devem levar RG, CPF e comprovante de residência originais.
Diário do Nordeste
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