Uma nova pesquisa relaciona pela primeira vez uma série de pequenos terremotos - acima de magnitude três - à injeção no subsolo de grandes volumes de gás, principalmente dióxido de carbono (CO2).
A conclusão é extremamente relevante, já que as tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS), que em muitos casos estocam CO2 no subsolo, estão sendo consideradas como uma das grandes aliadas para conter o crescimento nas emissões de gases do efeito estufa das atividades humanas, como das indústrias e geração de energia.
Os resultados das pesquisas de Wei Gan e Cliff Frohlich, do Instituto de Geofísica da Universidade do Texas em Austin, foram publicados no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.
O estudo avaliou a cidade de Snyder, no noroeste do Texas, Estados Unidos, entre 2006 e 2011, onde três grandes campos de exploração de petróleo e gás estão ativos desde 1950.
Em dois deles, o CO2 está sendo injetado para recuperação de petróleo em grandes quantidades no subsolo, o que instigou o Departamento de Energia dos Estados Unidos a financiar pesquisas sobre os impactos do CCS.
Usando sismômetros de alta resolução e dados sobre as injeções de gás e também de fluidos, os pesquisadores concluíram que os terremotos eram relacionados ao aumento das atividades de recuperação de petróleo com o CO2.
O estudo pondera que taxas similares de injeção de gás não desencadearam terremotos em outros casos nas redondezas, e deixam em aberto a questão: por que isso não acontece em outras áreas?
Em outro trabalho, também publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences no ano passado, Mark Zoback e Steven Gorelick, da Universidade de Stanford, argumentaram que há grande probabilidade de terremotos serem causados pela injeção de grandes volumes de CO2.
“O fato de que campos diferentes tenham reagido diversamente à injeção de CO2 e que em nenhum outro local no mundo haja a conexão entre a injeção e terremotos de magnitude três indica que, apesar das preocupações de Zoback e Gorelick, é possível que em muitos locais a injeção de CO2 em grande volume possa não induzir terremotos”, comentou Frohlich.
Ele sugere que a ocorrência dos tremores de terra pode estar ligada à existência de falhas geológicas, e que estudos sobre os riscos sísmicos devem ser realizados na área para melhorar a compreensão sobre os eventos.
Instituto Carbono Brasil
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