07/11/2013

Reforma da saúde vira atoleiro para Barack Obama

Obama luta para se livrar da polêmica em torno de sua reforma de saúde.
Washington (AFP) - O presidente americano, Barack Obama, luta para se livrar da polêmica em torno de sua reforma de saúde, enquanto seus adversários acusam-no de ter mentido sobre esta peça-chave de sua política social.

Um ano após sua reeleição, Obama se encontra na defensiva e seu nível de popularidade atual é o mais baixo desde 2009, atingindo cerca de 40% na média das últimas pesquisas dos principais institutos americanos. Além disso, a implementação da espinha dorsal da reforma começou de maneira caótica.

O portal na internet desenvolvido pelo governo para que os americanos até agora sem seguro de saúde possam escolher um plano estreou no início de outubro com vários problemas técnicos. Isso obrigou o governo Obama a relançar o programa, sob as críticas e ironias dos adversários republicanos.

Os opositores entam capitalizar em cima de um efeito colateral da reforma conhecido apenas nos últimos dias. Algumas companhias de seguros que dominam o mercado de saúde rescindiram contratos unilateralmente, forçando vários americanos a mudar de cobertura. Isso levou a um aumento dos valores pagos por muitos deles.

Esse fenômeno contradiz uma promessa feita e refeita por Obama desde que começou a defender sua reforma - adotada a fórceps em 2010 e ratificada pela Suprema Corte em 2012. Segundo o presidente, "se a cobertura de que gozam atualmente for satisfatória para vocês, poderão mantê-la".

Na segunda-feira, Obama tentou superar a polêmica. Ele explicou - um pouco tarde - que o que "quis dizer" é que os americanos poderiam conservar os seguros como haviam sido contratados antes da reforma, se não tivessem sido alterados após a adoção da lei.

Crise de confiança

Em meados de outubro, a bancada republicana no Congresso foi obrigada a reconhecer a vitória de Obama na batalha orçamentária deflagrada pela rejeição dos opositores à reforma de saúde. Diante desse quadro, aproveita a oportunidade para contra-atacar.

"O presidente já tem um Prêmio Nobel da Paz. Acho que, agora, deve ganhar o de Ficção", comentou o representante republicano Trey Gowdy, em entrevista à Fox News.

A senadora democrata Barbara Mikulski admitiu a existência de uma "crise de confiança" em relação à reforma, em meio "às deficiências do ´site´ de Internet, à rescisão das coberturas (pelas seguradoras) e à alta dos preços que alguns terão de suportar".

O professor de Ciência Política Jack Pitney, da Universidade de Claremont McKenna (Califórnia), acredita que essas dificuldades vão afetar Obama. "Não será fatal. Sua presidência não estará condenada, mas isso terá um efeito duradouro", afirmou.

Ex-dirigente do Partido Republicano, Pitney compara o que acontece hoje com Obama ao que aconteceu com George Bush sênior. Em sua campanha eleitoral de 1988, ele prometeu que não criaria novos impostos e teve de fazê-lo quando chegou ao poder.

A Casa Branca garante que as dificuldades atuais serão apenas uma lembrança ruim para os americanos, quando a população se der conta dos benefícios que a reforma trará. Segundo o governo, mais de 30 milhões de pessoas até hoje sem plano passarão a ter cobertura médica.

"A reforma vai gerar muito mais ganhadores do que perdedores", defendeu o senador democrata Christopher Murphy.

Decidido a evitar que esta polêmica contamine todo seu segundo mandato, Obama adotou uma estratégia ofensiva e prometeu que lançará "uma última campanha" política para defender sua reforma.

A ofensiva começa nesta quarta-feira, em Dallas, no Texas.

O presidente também decidiu tomar a iniciativa em outras frentes, como a reforma imigratória, paralisada no Congresso. Na terça-feira, Obama convocou vários empresários para conversar sobre o tema na Casa Branca.

Na sexta-feira, o presidente estará em Nova Orleans, no estado de Louisiana, para falar de economia. Segundo o "Wall Street Journal", Obama pretende relançar sua ideia de aumentar o salário mínimo. Em seu discurso sobre o Estado da União, no início de 2013, Obama já havia tocado no tema.
AFP

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