18/12/2013

WikiLeaks: Snowden faz ofensiva para conseguir asilo político no Brasil

Adital
Foto: RT
Carta aberta em jornal de grande circulação, petição no Avaaz, carta a senadores e apoio dos colegas de denuncia. Estas são as estratégias de Edward Snowden para conseguir asilo no Brasil. O ex-funcionário da Agência Nacional de Segurança (NSA) que denunciou o esquema de espionagem internacional dos Estados Unidos está investindo pesado no apoio ao novo pedido de asilo político. O pedido ainda nem foi entregue oficialmente ao Itamaraty, mas o pivô do escândalo internacional WikiLeaks já é manchete em todos os jornais. Da primeira vez que pediu asilo ao governo brasileiro, em julho passado, assim como a outros vinte países por ocasião das denúncias sobre espionagem dos Estados Unidos, teve o pedido negado.
Snowden está colhendo assinaturas em uma petição pública na internet para conseguir asilo político no Brasil e nesta terça-feira (17) o jornal "Folha de S.Paulo", um dos maiores do país, publicou uma ‘Carta aberta ao Povo do Brasil’ onde convoca a todos os cidadãos a apoiá-lo no pedido de asilo e que, em troca, oferece à presidente Dilma Roussef, mais informações sobre as investigações que autoridades como a mandatária e empresas brasileiras foram alvo.
Na carta, Snowden ainda elogia a posição do governo do Brasil e se diz impressionado pelas críticas feitas ao programa de espionagem de internet e telecomunicações dos EUA em nível mundial. Ele se refere ao fato de a presidente Dilma Roussef ter exigido de Obama um pedido formal de desculpas e cancelado a sua viagem aos EUA em outubro passado, uma vez que o mandatário estadunidense se recusou a uma desculpa formal. No início do mês passado, Brasil e Alemanha - também investigada ilegalmente pelos EUA - entregaram à ONU, um projeto de resolução sobre o direito à privacidade na era digital.
A carta foi divulgada ontem ainda, em inglês, sem tanta repercussão na página da rede de relacionamentos do brasileiro David Miranda, companheiro do jornalista americano Glenn Greenwald, autor das reportagens que revelaram os documentos obtidos por Snowden. Ambos têm impetrado esforços em ajudar o informante. Em agosto, Miranda ficou retido por ordem do governo britânico por cerca de 9 horas no aeroporto de Heathrow, em Londres, quando voltava para o Rio. O brasileiro foi liberado, mas teve confiscados equipamentos eletrônicos, como celular, laptop, câmera, cartão de memória, DVDs e aparelhos de videogame.
O texto da petição, por sua vez, afirma que se "Snowden estivesse no Brasil, seria possível que ele pudesse fazer muito mais para ajudar o mundo a entender como a NSA e aliados estão invadindo a privacidade de pessoas no mundo todo, e como podemos nos proteger”. "O país mais adequado para abrigar alguém que denuncia irregularidades, o país cuja presidente fez um discurso veemente na Organização das Nações Unidas denunciando a espionagem é o Brasil", acrescenta o texto.
Segundo a Agência Brasil, esta semana, o ex-funcionário também enviou uma carta à senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), uma das relatoras da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Espionagem, no Senado, em que se dispõe a colaborar com o governo brasileiro caso haja "possibilidades legais" para tal. Hoje (17), a CPI se reúne para discutir o tema e a possibilidade do asilo brasileiro a Snowden está na pauta. Em julho, o assunto chegou a ser debatido na Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Senado. Por unanimidade, os parlamentares recomendaram a concessão de asilo ao ex-consultor.
Edward Snowden está atualmente na Rússia. O país lhe concedeu asilo temporário de um ano, prazo que expira em meados de 2014. As denúncias feitas por Snowden sobre as práticas de espionagem dos Estados Unidos causaram reações em vários países, entre os quais o Brasil. O tema chegou a ser discutido na ONU, para que sejam elaboradas normas internacionais com o objetivo de proteger dados na internet.

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