Até mesmo mediações de conflitos são realizadas. O objetivo é evitar que a discussão vire um problema
Durante os últimos cinco anos, o Centro Urbano de Cultura, Arte, Ciência e Esporte de Fortaleza (Cuca), localizado na Barra do Ceará, têm oferecido esportes, arte, cultura e educação para os cerca de 1.500 jovens que passam pelo equipamento todos os meses. Dessa forma, o local se tornou uma referência para os garotos e garotas dos 15 bairros que compõe aquela área. Os projetos com apresentações de teatro, dança, cinema e música reúnem cerca de 3 mil pessoas, de várias idades, que saem do seus bairros para prestigiar o trabalhos dos adolescentes.
Seja pela manhã, tarde ou noite, todas as partes do equipamento são bastante movimentadas. Enquanto estudantes praticam esportes na piscina, nas quadras ou no tatame, outros estão gravando programas de rádio em um estúdio, um grupo realiza aulas de fotografia. Ao mesmo tempo, acontece uma aula de dança em outra sala.
Para a diretora de educação do Instituto Cuca, Juliana Marinho, o interesse dos participantes vai sendo criado a partir do dia a dia que eles passam no local. "Hoje esses jovens querem ser atuantes e participar de tudo que os cerca".
Com isso, ressaltou a diretora de educação, esses estudantes acabam tornando o Cuca um espaço de segurança, um território de acolhimento e também de respeito entre todos os moradores dos bairros da Regional I.
Devido a essa segurança no equipamento, durante todo esse tempo, foi possível ver iniciativas do Cuca se consolidando junto àqueles que fazem parte da comunidade, disse Juliana. "As aulas de fotografia e o projeto experimental de rock, por exemplo, já estão consolidados. Isso prepara esses jovens para o futuro", ressaltou.
Além disso, ela ainda falou sobre a proximidade da comunidade com o Centro, desde o início do programa Vizinho do Cuca. "A comunidade reconhece no Cuca um processo de transformação", frisou.
Autoestima
Após enfrentar desafios, como ter que aperfeiçoar os passos de dança para uma apresentação, é possível notar uma crescente no trabalho dos adolescentes e, consequentemente, uma melhora na alto estima de deles, afirmou a supervisora de protagonismo juvenil do Cuca Barra, Vita Saraiva. "Aqui nós conseguimos ver que é possível trabalhar as relações. Dessa forma, eles saem da invisibilidade".
Para a supervisora do núcleo de saúde, Germana Sousa, o diferencial daquele Centro é conseguir trabalhar a subjetividade e a auto estima dos participantes. "Eles não se intimidam em falar conosco. Eles abrem a porta das salas e expõe o que estão pensando", declara.
Os trabalhos que esses garotos e garotas realizam no Cuca faz com que eles possam ver aqueles moradores que antes eram invisíveis e, hoje, se tornam personagens daquela comunidade. "Quando o produto deles está pronto, eles veem o seu trabalho e, dessa forma, vão se criando novas possibilidades".
Os bons resultados fazem com que os familiares saiam de suas casa para ir até o equipamento somente para agradecer aos professores pelas mudanças na vida dos filhos, explicou a supervisora do núcleo de economia criativa, Synara de Almeida. "As mães vêm até nós e agradecem, pois antes de vir para o Cuca, seus filhos passavam o dia em casa sem muita coisa para fazer", afirma.
Germana Sousa destacou que o retorno do equipamento para a comunidade é grande. Por isso, as famílias fazem questão de agradecer pelo trabalho. "Esse retorno é algo individual para cada um dos estudantes. Tanto que é possível vermos a mudança em cada um deles".
Mediação
Vita Saraiva ainda acrescentou que desde o ano passado o Centro realiza mediações de conflitos, principalmente nas escolas onde eram feitas as mediações escolares. O objetivo é estabelecer um diálogo entre as partes antes que o problema aumente e gere violência.
Agora, em 2014, está sendo feita uma parceria com a Secretária Municipal de Segurança Cidadã para que esse tipo de mediação possa ser levado para o restante das comunidades que fazem parte daquela Regional. Tudo isso com a ajuda da polícia comunitária.
Adolescentes modificam o espaço
Os garotos e garotas que frequentam o Centro Urbano de Cultura, Arte, Ciência e Esporte de Fortaleza (Cuca), na Barra do Ceará, se orgulham de ajudar, até hoje, a modificar aquele equipamento. O Conselho de Jovens é um dos principais exemplos, pois se reúne mensalmente para levar a demanda desses adolescentes até o Centro.
Quando começou a participar das atividades naquele local o atleta, Jonnatam Santos tinha o objetivo de praticar natação. Como ele, aos poucos, foi mostrando talento, logo foi chamado para fazer parte do time de triathlon. "Desde então minha vida mudou demais. Quando passei a vivenciar o Cuca, eu senti que não queria sair nunca mais", frisou o atleta.
Santos acredita que o equipamento é um local de transformação para aqueles jovens, pois eles acabam se apaixonando pelo local. "Vi muitas pessoas terem suas vidas transformadas desde que começaram frequentar o Cuca".
Para ele, o diferencial do Centro é que os professores acolhem e também conversam com os seus alunos e mostram a eles tudo o que podem fazer. "Por natureza pensamos logo que não podemos realizar aquilo. Mas, aqui, pensamos diferente".
O estudante Mario Jonny de Castro ressalta que conseguiu fazer muitas amizades desde que começou a frequentar o Cuca para ter aulas de canto e treinamento funcional. "Como muitos moram em outros Bairros, a gente se conhece por aqui e depois vamos juntos para casa. Depois a amizade vai crescendo".
Regionais V e VI ganham centros
Os Centro Urbano de Cultura, Arte, Ciência e Esporte de Fortaleza (Cuca) do Mondubim e também do Jangurussu foram inaugurados no último dia 21. Cada equipamento pretende atender pelo menos mil jovens de 15 a 29 anos em cursos regulares e esportes. Além disso, mais 5 mil pessoas deverão ser recebidas por mês em atrações diversas, abertas ao público em geral.
Segundo o titular da Coordenadoria da Juventude, Élcio Batista, a atual gestão recebeu o centro do Bairro Jangurussu com cerca de 60% da obra concluída e o do Mondubim tinha atingido apenas 50% de conclusão. "As obras estavam com dividas. Por isso, houve a necessidade de investir R$ 11 milhões para que fossem concluídas".
Para Batista, os equipamentos são importantes porque estão em locais onde os jovens precisam de proteção social e de oportunidades. "Com a inauguração desses Cucas, esses jovens vão ter os seus direito a cidadania atendidos".
Mudanças
Ele também destacou que o Centro dá a oportunidade para que esses jovens sejam incluídos na sociedade como protagonistas. Devido a essa interação deles com o seu entorno, o território acabará sofrendo modificação. "Essas comunidades ficam mais organizadas, e os jovens são os protagonistas dessas mudanças", disse.
O titular da coordenadoria afirmou que a proposta é de que seja construído um Cuca em cada Regional de Fortaleza. A expectativa é de que até o fim da gestão outros três equipamentos sejam entregues. O próximo a ser construído deve ser na Regional IV, no Bairro Vila União, mas ainda não existe uma data confirmada. Os centros das Regionais II e III não tem nada definidos.
Thiago Rocha
Repórter
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