11/05/2014

Estudo explica por que ursos polares são gordos

Cientistas afirmaram que a razão está nos genes dos ursos.
Os ursos polares comem, focas, ricas em gordura, e amamentam seus filhotes com leite gorduroso
No que diz respeito à alimentação saudável, os ursos polares quebram todas as regras. Eles comem sobretudo gordura, mas não têm doenças cardíacas da forma que nós, humanos, teríamos se seguíssemos a mesma dieta.
Cientistas afirmaram que a razão está nos genes dos ursos, segundo artigo publicado nessa quinta-feira (8) na revista “Cell”.
Alguns truques evolutivos, particularmente nos genes que atuam na forma como as gorduras são metabolizadas e como são transportadas no sangue, permitiram aos ursos polares sobreviver no Ártico, explica a pesquisa.
E tudo isso aconteceu nos últimos 500 mil anos, depois que os ursos polares se separaram de seus primos, os ursos pardos, de acordo com o estudo, que comparou os genomas dos dois animais.
Ainda não está claro o que levou o urso polar a evoluir em um grupo separado dos pardos, embora isto tenha acontecido em uma época que coincide com um período interglacial quente que pode ter encorajado os ursos pardos a se aventurarem mais ao norte do que tinham feito no passado, afirmaram os cientistas.
Então, quando o clima voltou a esfriar, um grupo de ursos pardos pode ter ficado isolado e sido forçado a se adaptar em um novo ambiente de neve e frio.
Dieta rica em gordura
Os ursos polares comem, sobretudo, focas, ricas em gordura, e amamentam seus filhotes com leite também rico em gordura. Cerca da metade do peso total dos ursos é composta de gordura e não de músculos e ossos. Comparativamente, o percentual de gordura de uma pessoa saudável pode variar entre 8% e 35%.
“A vida de um urso polar gira em torno da gordura”, disse Eline Lorenzen, pesquisadora da UC Berkeley e uma das principais autoras do estudo. “Para os ursos polares, a obesidade profunda é um estado benigno”, acrescentou Lorenzen. “Nós queríamos entender como eles conseguem lidar com isso”.
Os pesquisadores compararam amostras de sangue e tecido de 79 ursos polares da Groenlândia com material de 10 ursos pardos de Suécia, Finlândia, Glacier National Park, no Alasca, e nas ilhas Admiralty, Baranof e Chichagof (ABC), na costa do Alasca.
Eles descobriram que um dos genes mais intensamente selecionados é o APOB, que nos mamíferos codifica a principal proteína do colesterol “ruim”, conhecido como LDL (lipoproteína de baixa intensidade), permitindo que se mude do sangue para as células.
Alterações neste gene sugerem como o urso polar consegue administrar açúcar e triglicerídeos altos em um nível que seria perigoso para o ser humano.
Os autores do estudo, cientistas da Dinamarca, China e Estados Unidos, afirmaram que um dia, as secreções digestivas do urso polar poderão ajudar a melhorar a saúde das pessoas em uma época de obesidade crescente.
“A promessa da genética comparativa é que aprenderemos como outros organismos lidam com condições às quais também somos expostos”, disse Nielsen.
Ambiente Brasil

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