Marcus Eduardo de Oliveira
O que poderia ser um crescimento agregador, não fosse à voracidade mercadológica e o forte impacto sobre a natureza, esgotando os recursos, consubstanciou-se num tipo de economia que, via sistema de preços, procurando a qualquer custo expandir a capacidade produtiva da economia, transformou absolutamente tudo em mercadoria e fez reverberar intenso foco de tensão dicotômico entre “crescer” (sistema econômico) e “preservar o meio ambiente” (sistema ecológico).
Como a ordem que sempre “vem de cima” recomenda sistematicamente a adoção de política de crescimento econômico exponencial, preservar o meio ambiente e a biota (conjunto de seres animais e vegetais de uma região) acaba se transfigurando numa condição de pouca relevância.
Na atualidade, a consequência disso é o desastre ambiental: um planeta doente, uma Terra cansada, uma economia socialmente desequilibrada, cujo retrato desse descaso ecológico-econômico se expressa na morte de espécies (uma espécie desaparece por dia), na pobreza e fome crônicas que acomete quase 1 bilhão de estômagos vazios (são 14% da população mundial) e na desertificação e desflorestamento (já foram destruídos mais de 40% das florestas tropicais).
Se a tentativa - via crescimento econômico – era a de melhorar o mundo, o que presenciamos é uma piora acentuada do espaço que habitamos: lixo radioativo, chuva ácida, poluição urbana, maré vermelha, excesso de dióxido de carbono (a cada minuto, 10 mil toneladas são lançadas na atmosfera) são alguns dos “elementos” de nosso atual convívio.
Fato concreto é que o “homem-econômico”, no afã em saciar sua sede de consumo, se entregou a um superconsumo abastecido por uma superprodução de mercadorias artificiais (na maioria das vezes fúteis) que provoca a dilapidação dos elementares serviços ecossistêmicos, comprometendo, sobremaneira, os processos naturais que sustentam a vida.
Isso explica, ipsis litteris, o posicionamento crítico de Ban Ki-moon, Secretário-geral da ONU que, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos (2011), chamou esse modelo aqui descrito de “pacto de suicídio global”.
De fato, estamos todos propensos a esse “suicídio global” uma vez que, dentro da espaço nave Terra, somos todos pilotos e passageiros ao mesmo tempo, já que estamos “inseridos” na natureza; ao mesmo tempo em que “somos” parte da natureza, numa relação de total complementariedade.
Leonardo Boff, a esse respeito, assevera que “no universo e na natureza, em todas as circunstâncias, tudo tem a ver com tudo, afinal, somos todos feitos do mesmo pó cósmico que se originou com a explosão das grandes estrelas vermelhas”.
Voltando à questão da economia e de seu relacionamento com a Terra, é oportuno destacar que da terra tiramos nosso sustento e à terra devolvemos dejetos do processo produtivo (resíduo, poluição, matéria dissipada).
É assim que age o sistema econômico: usa e explora os limitados recursos naturais (input) e devolve lixo (output) à natureza. Essa equação pode ser assim resumida: quanto mais crescimento econômico, mais intensa será a agressão ecológica.
Desse jeito, aumenta a tensão entre essas correntes. Esse processo é tão agressivo que, de acordo com estudos recentes 60% dos serviços ecossistêmicos estão degradados. Por isso crescer economicamente é sinônimo de poluir assoberbadamente o meio ambiente.
Dito de outra maneira, produzir mais é também sinônimo de destruir mais. Não por acaso, a etimologia da palavra “consumir” (a razão de ser da produção econômica) significa “destruir”.
Lamentavelmente, as economias modernas têm aperfeiçoado os mecanismos dessa destruição, esgotando em várias frentes o patrimônio natural (biomassa das florestas, solo arável, disponibilidade de água etc).
Na Carta da Terra, um dos mais importantes e sérios documentos elaborados pela inteligência humana, lê-se que “os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, redução dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e o fosso entre ricos e pobres está aumentando”.
No visor do relógio econômico, os ponteiros marcam um crescimento destruidor da natureza, cuja poluição e depleção dos recursos naturais talvez sejam as faces mais evidentes.
Como a ordem que sempre “vem de cima” recomenda sistematicamente a adoção de política de crescimento econômico exponencial, preservar o meio ambiente e a biota (conjunto de seres animais e vegetais de uma região) acaba se transfigurando numa condição de pouca relevância.
Na atualidade, a consequência disso é o desastre ambiental: um planeta doente, uma Terra cansada, uma economia socialmente desequilibrada, cujo retrato desse descaso ecológico-econômico se expressa na morte de espécies (uma espécie desaparece por dia), na pobreza e fome crônicas que acomete quase 1 bilhão de estômagos vazios (são 14% da população mundial) e na desertificação e desflorestamento (já foram destruídos mais de 40% das florestas tropicais).
Se a tentativa - via crescimento econômico – era a de melhorar o mundo, o que presenciamos é uma piora acentuada do espaço que habitamos: lixo radioativo, chuva ácida, poluição urbana, maré vermelha, excesso de dióxido de carbono (a cada minuto, 10 mil toneladas são lançadas na atmosfera) são alguns dos “elementos” de nosso atual convívio.
Fato concreto é que o “homem-econômico”, no afã em saciar sua sede de consumo, se entregou a um superconsumo abastecido por uma superprodução de mercadorias artificiais (na maioria das vezes fúteis) que provoca a dilapidação dos elementares serviços ecossistêmicos, comprometendo, sobremaneira, os processos naturais que sustentam a vida.
Isso explica, ipsis litteris, o posicionamento crítico de Ban Ki-moon, Secretário-geral da ONU que, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos (2011), chamou esse modelo aqui descrito de “pacto de suicídio global”.
De fato, estamos todos propensos a esse “suicídio global” uma vez que, dentro da espaço nave Terra, somos todos pilotos e passageiros ao mesmo tempo, já que estamos “inseridos” na natureza; ao mesmo tempo em que “somos” parte da natureza, numa relação de total complementariedade.
Leonardo Boff, a esse respeito, assevera que “no universo e na natureza, em todas as circunstâncias, tudo tem a ver com tudo, afinal, somos todos feitos do mesmo pó cósmico que se originou com a explosão das grandes estrelas vermelhas”.
Voltando à questão da economia e de seu relacionamento com a Terra, é oportuno destacar que da terra tiramos nosso sustento e à terra devolvemos dejetos do processo produtivo (resíduo, poluição, matéria dissipada).
É assim que age o sistema econômico: usa e explora os limitados recursos naturais (input) e devolve lixo (output) à natureza. Essa equação pode ser assim resumida: quanto mais crescimento econômico, mais intensa será a agressão ecológica.
Desse jeito, aumenta a tensão entre essas correntes. Esse processo é tão agressivo que, de acordo com estudos recentes 60% dos serviços ecossistêmicos estão degradados. Por isso crescer economicamente é sinônimo de poluir assoberbadamente o meio ambiente.
Dito de outra maneira, produzir mais é também sinônimo de destruir mais. Não por acaso, a etimologia da palavra “consumir” (a razão de ser da produção econômica) significa “destruir”.
Lamentavelmente, as economias modernas têm aperfeiçoado os mecanismos dessa destruição, esgotando em várias frentes o patrimônio natural (biomassa das florestas, solo arável, disponibilidade de água etc).
Na Carta da Terra, um dos mais importantes e sérios documentos elaborados pela inteligência humana, lê-se que “os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, redução dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e o fosso entre ricos e pobres está aumentando”.
No visor do relógio econômico, os ponteiros marcam um crescimento destruidor da natureza, cuja poluição e depleção dos recursos naturais talvez sejam as faces mais evidentes.
Marcus Eduardo de Oliveira é economista e professor, com mestrado pela (USP).
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