03/05/2014

Uma oficina para quem quer aprender a escrever

Construção de personagens, conflitos, diálogos e descrições fazem parte do curso.
Max Velati: "Frequento todos os workshops e palestras que encontro".

Por Jordano Lima

Max Velati é escritor premiado, com 12 livros publicados, e articulista do Dom Total onde publica toda sexta-feira a coluna "Rota de Fuga". Além disso, trabalha como chargista de Economia na Folha de S. Paulo. A partir do dia 5 de maio, segunda-feira, ele oferece em Belo Horizonte uma oficina “Save the Word, de escrita criativa, com seis encontros, preparada para receber roteiristas e escritores iniciantes. Saiba mais sobre Max Velati e a oficina nesta entrevista que ele concedeu ao Dom Total:

Você tem experiência na Literatura e no Jornalismo. Do ponto de vista da escrita, há uma grande diferença?
A minha formação na verdade não vem da Literatura ou do Jornalismo, mas da Publicidade. Comecei aos 20 anos como redator publicitário e a Publicidade tem regras muito precisas sobre a clareza do texto, o tempo disponível e os formatos. Um roteiro para um filme comercial de 30 segundos não pode ter 28 ou 31. Essa obrigação de entender espaço, tempo e público se revelou importante quando fui para a Literatura e para o Jornalismo. Aliás, até mesmo nas charges esta disciplina é fundamental. Das três formas de texto, se podemos chamar assim, a mais difícil é a Literatura. A liberdade é maior e justamente por isso as chances de errar também são maiores. O Jornalismo e a Literatura são de certa forma parentes próximos e se misturam com alguma afinidade. Um exemplo clássico desta combinação é "A sangue frio", de Truman Capote.
O que você pretende oferecer na Oficina?
São seis encontros de duas horas e apenas dez vagas. Neste formato e nestas condições é possível apresentar um quadro resumido, mas honesto sobre a realidade do ofício literário. Vou abordar os temas principais de cursos deste tipo: construção de personagem, conflitos, diálogos, descrições...mas também vou fazer uma análise daquilo que nem sempre é dito ao iniciante: o trabalho maçante da revisão, a solidão, a incerteza, a crítica...Acima de tudo, vou propor tarefas práticas que ajudam a exercitar as habilidades necessárias para lidar com tudo isso. Acho importante destacar também nesta entrevista aquilo que eu não vou oferecer. A Oficina não vai ensinar regras sobre como escrever um best-seller ou um roteiro blockbuster. Não vou fazer isso simplesmente porque estas regras não existem. O que pretendo mostrar são os princípios, os bons fundamentos, os hábitos e as técnicas de trabalho, mas o sucesso depende de cada um e em grande medida depende da perseverança de cada um para lidar até com os eventuais fracassos. Para citar Robert McKee, um guru de Hollywood, “autores iniciantes obedecem as regras, escritores rebeldes, não-educados, quebram as regras. Artistas tornam-se peritos na forma”.
A quem se destina a Oficina?
Colocamos no cartaz um convite aberto a roteiristas e escritores iniciantes, mas como ponto de encontro e recarga de bateria, os profissionais veteranos também estão convidados. Tenho mais de trinta anos neste ofício e frequento todos os workshops, oficinas e palestras que encontro. Sempre saio com novos amigos e alguma coisa nova e útil para usar no trabalho.
Cursos de escrita criativa já receberam críticas de autores consagrados que afirmam ser impossível ensinar a escrever. O que acha disso?
De fato. Alguns autores respeitadíssimos não acreditam no poder deste tipo de encontro. Phillip Roth é um bom exemplo e ironicamente já foi professor da matéria no início da carreira. No outro prato da balança há uma legião de escritores que acreditam nos méritos deste processo. Um bom livro ou um bom roteiro não nascem por acaso. A obra é sempre resultado de muito trabalho e existem práticas, hábitos e exercícios que tornam este trabalho mais refinado, mais inteligente e mais produtivo. Aquele pianista virtuoso que se apresenta com uma grande orquestra começou a carreira com pequenos exercícios, com noções muito práticas de dedilhado e fundamentos muito precisos de harmonia e composição. O nível técnico e a criatividade são fatores que vão depender sempre do indivíduo, mas os fundamentos precisam estar lá, bem consolidados e na Literatura não é diferente. Oficinas deste tipo podem explicar e exercitar este fundamentos. Além de tudo isso, do ponto de vista emocional estes encontros funcionam como uma espécie de grupo de apoio e este suporte na carreira literária também é útil.
Como anda o mercado editorial?
Não há uma resposta simples para esta pergunta. Esta semana li na imprensa que a Amazon comprou a maior editora do mundo de quadrinhos digitais e só este fato abre um campo imenso para roteiristas de HQ. Temos uma nova lei sobre conteúdo nacional nas TVs e o livro digital parece estar finalmente ganhando mercado. Estes sintomas mostram uma grande atividade, sem falar em concursos e editais de cultura. Temos mais espaço e novas plataformas para o talento, mas isso é só parte da resposta. Pessoalmente, acredito que uma obra, seja um livro ou roteiro, seja um romance ou um ensaio, se tiver uma qualidade indiscutível vai encontrar espaço mesmo que o mercado esteja muito ruim. E digo também que uma obra produzida com esta qualidade ofereceu ao autor um imenso prazer, um sentimento de realização pessoal que não tem preço.
Há planos para outras oficinas?
Já recebi alguns e-mails com propostas. É possível que tenhamos mais uma edição desta oficina para iniciantes e talvez uma outra, planejada para abordar alguns temas essenciais com mais profundidade.
SERVIÇO
SAVE THE WORD! Oficina de Escrita Criativa com Max Velati
Local: Espaço Cultural Letras e Ponto
Endereço: Rua Aimorés, 388 – salas 501/502 – Funcionários
Dias: 5, 8, 12, 15, 19 e 22 (segundas e quintas) de maio de 2014
Horário: De 19h30min às 21h30min   
Número de vagas: 10
Valor: R$ 360,00
Inscrições e informações: oficina@letraseponto.com.br
Tel: (31) 3273-2374

Dom Total

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